BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro fez referência à ex-vereadora do PSOL Marielle Franco --assassinada com seu motorista, Anderson Gomes, no Rio de Janeiro-- quando comentava áudio de irmã do policial militar Adriano da Nóbrega, no qual ela diz que o Palácio do Planalto teria oferecido cargos em troca da morte do ex-PM.
Bolsonaro falava, na tradicional live em redes sociais que costuma fazer às quintas-feiras, de tuíte do deputado federal Orlando Silva (PCdoB), que afirmava que tais arquivos de áudio "levam o assassinato para dentro do Palácio do Planalto".
"O Orlando Silva é um que espalhou fake news", disse o presidente, lendo em seguida, a publicação do deputado que coincidentemente foi o relator de projeto de combate às notícias falsas.
"Olha o tuíte dele: 'MAFIOSOS! Os áudios da irmã de Adriano da Nóbrega levam o assassinato para dentro do Palácio do Planalto'. Quer mais fake news do que isso? Alguém me aponte um motivo que eu poderia ter para matar a Marielle Franco? Motivo nenhum. Zero, não dá nem para discutir mais", afirmou Bolsonaro.
"Ela se equivocou, em vez de falar Palácio lá no Rio, das Laranjeiras, falou Palácio do Planalto. Ela se equivocou no tocante a isso", acrescentou o presidente.
Na véspera, notícia publicada pelo jornal Folha de S.Paulo revelou uma escuta telefônica realizada pela Polícia Civil do Rio de Janeiro há dois anos em que a irmã do ex-policial acusa o Palácio do Planalto de oferecer cargos comissionados em troca da morte do ex-PM.
No áudio, a irmã de Adriano conversa com uma tia dois dias após a morte do irmão em operação policial na Bahia, e relata que ele sabia que seu nome havia sido mencionado em uma reunião no Planalto e da vontade que ele se tornasse, segundo o jornal, um "arquivo morto".
Adriano da Nóbrega era tido como uma das lideranças de milícia no Rio de Janeiro, investigado em inquérito sobre a morte de Marielle e também suspeito de envolvimento no suposto esquema de corrupção conhecido como "rachadinha". Ele foi morto em uma operação policial em fevereiro de 2020, em um suposto confronto com a polícia da Bahia.
Em 14 de março, as mortes de Marielle e Anderson completaram quatro anos, ainda sem conclusão sobre mandantes do crime.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)