Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro (PL) criticou em conversa com apoiadores nesta terça-feira o fato de que, mesmo estando caído após ter sido alvejado por tiros, pessoas chutaram a cabeça do assassino do petista em Foz do Iguaçu (PR) no crime de sábado que teve forte repercussão no meio político.
"A gente vê que teve um problema lá fora, onde o cara que morreu, que estava lá na festa, jogou uma pedra no vidro daquele cara que estava com o carro para o lado de fora. Depois ele voltou e começou aquele tiroteio lá onde morreu o aniversariante", disse.
"O outro foi ferido, ficou lá caído no chão e daí o pessoal da festa --todos petistas-- encheram a cara dele de chute", emendou.
Na segunda-feira, a Justiça do Paraná determinou a prisão preventiva de Jorge Guaranho, o agente penitenciário que matou o guarda municipal Marcelo Arruda, durante sua festa de aniversário, que tinha como tema o PT e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
André Alliana, que diz ter sido um dos melhores amigos de Arruda, contou à Reuters que o guarda municipal estava na cozinha da associação quando Guaranho apareceu no local pela primeira vez.
Segundo Alliana, Guaranho "parou o carro e começou a gritar 'aqui é Bolsonaro' e outras coisas". Arruda "jogou um negócio" em Guaranho depois que o policial penal mostrou sua arma.
Quando Guaranho retornou, disparou contra Arruda, que reagiu também a tiros. Os chutes mencionados por Bolsonaro ocorreram no final do episódio.
Em tom de ironia, Bolsonaro afirmou ainda que quando o caso envolve petistas é "violência do bem, chute na cara de quem está deitado, caído no chão". O presidente não destacou o fato de Guaranho --que nas redes sociais se mostra um ferrenho apoiador de Bolsonaro-- ter começado os disparos e disse que não se sabe tudo o que ocorreu no sábado.
"Se esse cara (Guaranho) morre, vamos supor, de traumatismo craniano e não por causa do ferimento à bala, esses petistas que chutaram a cara dele lá vão responder por homicídio", opinou o presidente.
O caso está sendo investigado pela Polícia Civil do Paraná. Guaranho segue internado em um hospital de Foz do Iguaçu.
Na segunda-feira, a equipe da pré-campanha do presidente avaliava que a resposta de Bolsonaro ao episódio tinha sido ruim e que não agregava novos apoios, segundo fontes ouvidas pela Reuters.