BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta terça-feira que as manifestações em rodovias de caminhoneiros e outros apoiadores que contestam o resultado das eleições devem-se a uma indignação com o processo eleitoral que resultou em sua derrota para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas defendeu o direito de ir e vir da população.
"Os atuais movimentos populares são frutos de indignação e sentimento de injustiça de como se deu o processo eleitoral. As manifestações pacíficas sempre serão bem-vindas, mas os nossos métodos não podem ser os da esquerda, que sempre prejudicaram a população, como invasão de propriedade, destruição de patrimônio e cerceamento do direito de ir e vir", disse o presidente em pronunciamento nesta terça-feira, em sua primeira fala desde a derrota no domingo.
As manifestações têm sido realizadas por grupos de apoiadores de Bolsonaro que interditavam estradas de 20 Estados e do Distrito Federal na manhã desta terça-feira, apesar de decisões judiciais determinando o desbloqueio. Alguns manifestantes defendem uma intervenção militar para impedir Lula de tomar posse em janeiro.
O silêncio de Bolsonaro e desinformações disseminadas nas redes sociais acabaram alimentando os protestos nos diversos pontos do país. A falta de manifestação do presidente foi interpretada por alguns apoiadores como parte do processo que supostamente permitiria uma intervenção militar.
Em sua fala, Bolsonaro não reconheceu a vitória de Lula, mas logo após o pronunciamento do presidente o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, confirmou conversações com o PT para o início da transição de governo.
Diante das interdições nas rodovias, distribuidoras de combustíveis avaliaram que a situação de abastecimento do país é bastante crítica, afirmou à Reuters a diretora de Downstream do Instituto Brasileiro do Petróleo (IBP), Valéria Lima.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello e Ricardo Brito)