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Reunião de Bolsonaro com STF ameniza clima e vira página, dizem fontes

Publicado 01.11.2022, 18:04
Atualizado 01.11.2022, 21:55
© Reuters. Bolsonaro discursa no Palácio da Alvorada observado pelo filho Eduardo
1/11/2022
Adriano Machado/Reuters

Por Rodrigo Viga Gaier e Ricardo Brito

RIO DE JANEIRO/BRASÍLIA (Reuters) -A conversa desta terça-feira entre o presidente Jair Bolsonaro e sete ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) teve tom cordial e serviu para acalmar as tensões e virar a página após um mandato de sucessivas crises institucionais entre o Executivo e o Judiciário, disseram duas fontes da corte que participaram do encontro.

Em tom descrito como "cordial, republicano e institucional", Bolsonaro levou a mensagem de que aceitou o resultado das urnas, que conferiram a vitória a seu adversário Luiz Inácio Lula da Silva, e informou que já estão sendo dados os primeiros passos para a transição de governo, acrescentaram as fontes.

"O clima ficou mais ameno, sem dúvida. Parece que é página virada, já tem até transição", disse uma fonte do STF, sob a condição de anonimato. "Bola para a frente", acrescentou.

Após mais de 44 horas de silêncio desde a confirmação da derrota na eleição de domingo para Lula, Bolsonaro finalmente fez um breve pronunciamento nesta terça, em que não reconheceu a derrota, mas autorizou o início da transição de governo.

Logo após o pronunciamento ele seguiu para o STF, onde se reuniu com os ministros da corte. Bolsonaro disse que pretende se dedicar à vida partidária, que o processo eleitoral é "página virada" e que não guarda mágoas do STF, um dos alvos preferenciais de seus ataques durante o mandato e, principalmente, no decorrer na campanha eleitoral.

Segundo uma das fontes, o presidente foi cordial inclusive com o presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Alexandre de Moraes, que se tornou seu principal alvo de ataques ao longo dos últimos meses.

"O que ele quis dizer foi: 'game over', 'o jogo acabou'", relatou uma segunda fonte do STF que também acompanhou a reunião. "Não fez nenhuma crítica ao sistema eleitoral nem ao Judiciário."

Segundo essa fonte, o presidente já teria, inclusive, ligado para a equipe do presidente eleito para tratar dos nomes da transição.

Durante a conversa com os magistrados, Bolsonaro teria demonstrado ainda preocupação com interdições das rodovias por manifestantes bolsonaristas insatisfeitos com o resultado da eleição, assegurando que a Polícia Rodoviária Federal está empenhada em desbloquear as estradas e garantir o direito de ir e vir da população.

Em meio ao silêncio mantido pelo presidente desde a eleição, apoiadores de Bolsonaro iniciaram bloqueios em rodovias que se mantinham na noite desta terça em pelo menos 19 Estados, apesar de decisão judicial determinando o desbloqueio imediato das vias pela polícia e de declaração do presidente defendendo o direito de ir e vir da população.

Na conversa de Bolsonaro com os ministros do Supremo, que também contou com a presença do ministro da Economia, Paulo Guedes, os magistrados reiteraram posição da corte sobre a importância da postura do mandatário em "reconhecer o resultado final das eleições" ao determinar o início da transição de governo, segundo comunicado do tribunal.

O encontro ocorreu pouco após o STF divulgar nota em que destacou "a importância do pronunciamento do presidente da República em garantir o direito de ir e vir em relação aos bloqueios e, ao determinar o início da transição, reconhecer o resultado final das eleições".

Segundo comunicado do STF sobre a reunião, os ministros da corte "reiteraram o teor da nota oficial divulgada".

© Reuters. Bolsonaro discursa no Palácio da Alvorada observado pelo filho Eduardo
1/11/2022
Adriano Machado/Reuters

"Tratou-se de uma visita institucional, em ambiente cordial e respeitoso, em que foi destacada por todos a importância da paz e da harmonia para o bem do Brasil", acrescentou o tribunal.

Participaram da conversa com Bolsonaro a presidente do STF, Rosa Weber, e o decano Gilmar Mendes, além dos ministros Luiz Fux, Edson Fachin, Alexandre de Moraes, Nunes Marques e André Mendonça.

(Texto de Maria Carolina MarcelloEdição de Pedro Fonseca)

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