Por Lisandra Paraguassu
RIO DE JANEIRO (Reuters) - Em reunião com os chanceleres de Índia e África do Sul, o Brasil acertou a reativação do grupo Ibas (Índia, Brasil e África do Sul), parado há mais de 10 anos, como uma forma de ampliar o diálogo com o resto do mundo.
Os três países dividem o fato de ser democracias estáveis com grandes populações dentro do sul global. Parceiros nos Brics, o grupo pode servir de ponte de diálogo com países que hoje não veem com bons olhos algumas das nações que fazem parte do Brics ampliado.
Formado hoje por 33 países, o Brics tem entre seus membros a Rússia, cujas relações diplomáticas foram severamente limitadas pela invasão da Ucrânia; a China, que vem tendo relações de difíceis com os Estados Unidos e alguns países europeus; a Arábia Saudita, criticada por problemas relacionados aos direitos humanos, especialmente em relação a mulheres.
"Não queremos dar sinais de distanciamento com o Brics. Temos ótimos relacionamentos com todos os parceiros. Mas o Ibas pode conversar com interlocutores que o Brics não pode conversar mais. A ideia não é uma alternativa ao Brics, mas ter vários tabuleiros", disse um diplomata brasileiro sobre a retomada do grupo.
Uma cúpula presidencial deverá acontecer este ano no Brasil, às margens do G20, em novembro, a primeira presidencial em uma década, para discutir como revigorar a relação e como criar uma estrutura legal mais firme.
Isso porque a intenção é reviver também o fundo Ibas, que financia projetos em 37 países na área de desenvolvimento. Até hoje, o alcance do fundo é modesto. Ao longo dos anos, o investimento dos três foi de apenas cerca de 10 milhões de dólares cada.
A intenção é ter uma estrutura mais sólida para aumentar os recursos, receber outros investimentos e poder financiar mais projetos.