(Reuters) -As Forças de Defesa de Israel (IDF) confirmaram na terça-feira que cidadãos brasileiros estão entre os reféns levados para Gaza pelo grupo militante palestino Hamas, dias após os combatentes da organização terem lançado no fim de semana a maior ofensiva contra o território israelense em décadas.
"Dezenas de israelenses estão sendo feitos de reféns em Gaza pelo Hamas. Muitos deles com dupla nacionalidade... Temos norte-americanos, britânicos, franceses, alemães, italianos, brasileiros e de muitos outros países", disse o porta-voz da IDF, Jonathan Conricus, em live na platafotma X, anteriormente conhecida como Twitter.
O Hamas iniciou uma ampla ofensiva contra Israel no sábado, lançando ataques com mísseis e invadindo uma série de vilarejos por terra. Vídeos mostraram os militantes fazendo uma série de reféns israelenses e estrangeiros nos locais ocupados e os levando para a Faixa de Gaza, incluindo mulheres e crianças.
A presença de reféns em Gaza tem dificultado os esforços de Israel para retaliar os ataques do Hamas. O país estaria estudando uma ofensiva terrestre no enclave, enquanto o grupo militante ameaçou executar um refém para cada casa atingida por Israel.
"Temos o compromisso de trazer todos esses reféns de volta", afirmou o porta-voz.
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira, o secretário de África e de Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores, Carlos Sérgio Sobral Duarte, disse que o Itamaraty está verificando a informação sobre a suposta existência de reféns brasileiros, mas ainda não tinha uma confirmação.
"Recebemos essa informação também. Estamos procurando verificá-la, mas não temos ainda confirmação de que existiria algum refém com nacionalidade brasileira", disse o secretário aos jornalistas.
O ministério ainda disse que não possuía "qualquer confirmação mais concreta" sobre o desaparecimento da brasileira Karla Stelzer Mendes e que a embaixada do país em Israel segue em "estreito contato" com as autoridades israelenses sobre o caso.
Na terça-feira, o Itamaraty informou a morte de dois brasileiros -- Ranani Nidejelski Glazer e Bruna Valeanu. Os dois estavam em um festival de música eletrônica realizado em um local a 20 quilômetros da Faixa de Gaza e que foi alvo de um atentado do Hamas.
No domingo, o Itamaraty havia informado que três brasileiros estavam desaparecidos após militantes do Hamas atacarem o festival de música eletrônica. Um quarto brasileiro ficou ferido, mas já havia recebido alta, de acordo com o ministério.
O primeiro voo de repatriação de brasileiros que estavam em Israel chegou à base aérea de Brasília na madrugada desta quarta-feira, com 211 brasileiros retornando da região do confronto.
O embaixador de Israel na Organização das Nações Unidas (ONU), Gilad Erdan, disse na terça-feira que o país estima que existem "entre 100 e 150" reféns mantidos pelo Hamas, mas que ainda não há um número exato.
"Esperamos que todas as organizações internacionais foquem nesses reféns e como eles são tratados e que recebam tratamento de acordo com a lei internacional, mas isso não vai nos parar de fazer o que precisamos fazer", disse Erdan em entrevista à CNN.
A guerra entre Israel e Hamas já matou mais de 2.250 pessoas dos dois lados. O número de mortos em Israel chegou a 1.200 e mais de 2.700 ficaram feridos, segundo as Forças Armadas do país. Ataques retaliatórios israelenses contra a Faixa de Gaza mataram 1.055 pessoas e feriram 5.184, segundo o Ministério da Saúde local.
(Por Fernando Cardoso, em São PauloEdição de Eduardo Simões e Pedro Fonseca)