Investing.com – Após um marcado pela guerra da Ucrânia, levando a pressões inflacionárias principalmente em alimentos e energia, 2023 deve ser focado no medo da recessão. Com as políticas monetárias contracionistas visando frear a escalada de preços, entidades internacionais já indicaram as perspectivas de desaceleração nos países desenvolvidos. Neste cenário, o Brasil deve ser beneficiado por ter começado o ciclo de alta nos juros antes, e vai contar com um impulso da retomada econômica da China. Mas será o suficiente para conquistar investidores no ano que vem, diante de incertezas políticas e riscos fiscais? A XP avalia que o valuation daqui, entre outros fatores, deve estar entre os atrativos.
Buy Brazil ou Bye Brazil?
Em relatório, os analistas Fernando Ferreira, Jennie Li e Rebecca Nossig apontam que o ano de 2022 apresentou volatilidade nos mercados globais, sendo que o Brasil surpreendeu por boa parte do ano com umas das melhores bolsas. Para os especialistas, entre os fatores que alavancaram os resultados, em um primeiro momento, estiveram o valuation atrativo, a rotação global de crescimento para valor e forte exposição a commodities e bancos.
Passado o momento de glória como “bola da vez”, as nomeações na equipe econômica, a deterioração do quadro fiscal antes da escolha da nova regra que deve substituir o teto de gastos, além de mudanças na Lei das Estatais, trazendo maiores chances de ingerências políticas, pressionaram a bolsa brasileira, que reverteu os ganhos.
“Apesar desses sinais iniciais do novo governo, que trouxeram preocupações aos investidores e impactaram os ativos brasileiros, observamos que o fluxo de investidores estrangeiros segue forte na Bolsa brasileira”, ponderam os analistas.
Conforme o relatório, como o mundo ainda carece de boas opções, o Brasil acabou se tornando uma das mais atraentes para o investidor global, mas os próximos passos dependem do controle fiscal, controle da inflação e trajetória da dívida pública.
Na visão da XP (BVMF:XPBR31), os ativos da bolsa de valores brasileira ainda oferecem valuation bastante descontado, o que deve atrair fluxo estrangeiro forte no ano que vem. Além disso, exposição forte do Ibovespa a setores Financeiro (22%), Commodities (38%) e Elétricas e Saneamento (10%), favorecem esse argumento. Para a XP, estes setores seriam “protegidos em um cenário de inflação e juros altos, além das commodities se beneficiarem da reabertura chinesa”.
A XP indica, diante deste cenário, ações de commodities, que ainda possuem boa proteção contra inflação e o dólar, empresas com teses de crescimento pouco correlacionadas com o crescimento econômico e com valuation atrativo, somados à qualidade e resiliência dos papéis.