Por Anthony Boadle
BRASÍLIA (Reuters) - Uma empresa brasileira que é dona de 410 quilômetros quadrados da floresta amazônica está oferecendo uma nova maneira de financiar a conservação: vender tokens não-fungíveis (NFTs) que permitem que os compradores patrocinem a preservação de áreas específicas da selva.
Os NFTs são títulos de propriedade sobre bens digitais que podem ser negociados por valores monetários e podem representar tudo desde desenhos de macacos a roupas para serem usadas por avatares em metaversos, um negócio que já movimenta bilhões de dólares mundo afora.
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Outras tentativas de financiamento via NFTs incluem planos para uma reserva de vida selvagem na África do Sul.
No Brasil, uma empresa chamada Nemus começou na sexta-feira a vender NFTs que dão aos compradores o patrocínio exclusivo de diferentes tamanhos na floresta, com as receitas destinadas a preservar árvores, regenerar áreas devastadas e promover o desenvolvimento sustentável.
Quem tiver os tokens não possuirá a terra em si, mas terá acesso a informações importantes sobre a sua preservação, de imagens de satélite a licenciamento e outros documentos, disse o fundador da Nemus, Flávio de Meira Penna.
Ele disse que a Nemus vendeu 10% da sua oferta inicial de tokens para 8.000 hectares no primeiro dia.
“Meu palpite é que isso acelerará rapidamente nas próximas semanas”, disse Penna à Reuters, acrescentando que a tecnologia blockchain garantiria a transparência do uso dos fundos.
Os lotes variam de tamanho, de um quarto de hectare a 81 hectares, que os compradores poderão localizar em mapas online.
NFTs para os menores lotes são vendidos por 150 dólares, e o maior custa 51.000 dólares, disse Penna, que espera arrecadar entre quatro e cinco milhões de dólares para comprar mais 2 milhões de hectares de terra que já estão sendo negociados na cidade de Pauini, no Estado do Amazonas.
Além de preservar a floresta, Penna disse que as receitas ajudariam a apoiar projetos de desenvolvimento sustentável, como a colheita de açaí e castanhas por comunidades locais em Pauini, que é do tamanho da Bélgica.
Cada token contém uma arte de uma planta ou animal da Amazônia e é processado pela Concept Art House, com sede em São Francisco, uma desenvolvedora de conteúdo e publicadora de NFTs.
Críticos têm questionado o valor de NFTs para causas ambientais porque os tokens que usam a tecnologia blockchain precisam de muita potência de computação, elevando a demanda de geração elétrica que emite gases do efeito estufa.
Penna rejeitou essa opinião, dizendo que a preservação de áreas ameaçadas da Amazônia compensa muito o custo ambiental de transações de NFTs.