JERUSALÉM (Reuters) - Uma bisavó de 86 anos foi coroada "Miss sobrevivente do Holocausto" nesta terça-feira, em um concurso de beleza anual israelense, criado para homenagear mulheres que sofreram os horrores do genocídio causado pelos nazistas.
Dez participantes --com idades entre 79 e 90 anos-- desfilaram na passarela em um museu em Jerusalém, com cabelo e maquiagem feitas e muito bem paramentadas, com faixas adornando seus vestidos.
Os organizadores do concurso, que foi cancelado no ano passado por conta da pandemia de coronavírus, dizem que ele concede glamour e respeito a um número cada vez menor de mulheres judias cujas juventudes foram roubadas durante a Segunda Guerra Mundial, mas que seguiram em frente para construir novas vidas em Israel.
"Depois do que passei no Holocausto, eu nunca sonhei que poderia estar onde estou, com uma grande família: dois filhos, quatro netos e dois bisnetos", disse a participante Kuka Palmon, que sobreviveu a um pogrom na Romênia, sua terra natal.
"E ainda assim, aqui estou, nessa ótima idade, 87 anos. É uma coisa boa, é indescritível."
A vencedora desta terça-feira, Salina Steinfeld, também nasceu na Romênia, onde sobreviveu aos ataques nazistas antes de se mudar para Israel em 1948. Entre as demais participantes esteve uma mulher nascida na antiga Iugoslávia e que sobreviveu ao campo de concentração Rab, na atual Croácia.
Alguns críticos e sobreviventes temem que o evento possa depreciar a memória dos 6 milhões de judeus mortos pelos nazistas.
Dana Papo, cuja avó Rivka competiu na terça-feira, contesta essa visão, argumentando que as participantes "merecem que todos vejam quanta beleza há nessas mulheres que passaram por tanto horror".
"Vamos mostrar o quanto as amamos e as apreciamos. Graças a elas, temos um futuro e temos um país."
(Reportagem de Dedi Hayun)