BRASÍLIA (Reuters) - A confiança da população brasileira no processo eleitoral do país via urnas eletrônicas aumentou, apontou pesquisa do instituto Datafolha divulgada nesta sexta-feira.
Segundo a sondagem, 82% dos entrevistados responderam que confiam no sistema eletrônico de votação, ao passo que 17% disseram não confiar.
Em dezembro de 2020, pouco após as eleições municipais daquele ano --última vez que a pesquisa apurou esse quesito--, 69% diziam confiar nas urnas, enquanto a taxa de desconfiança era de 29%.
A confiabilidade e a segurança das urnas eletrônicas ocuparam o centro de um embate alimentado, principalmente, pelo presidente Jair Bolsonaro, que as colocou em dúvida em diversas ocasiões.
Bolsonaro, que defendeu a aprovação pelo Congresso do voto impresso, mas sofreu uma derrota legislativa, chegou a declarar que não aceitaria o resultado de um pleito que considerasse não ter sido realizado de maneira "limpa", o que acirrou os ânimos com o Poder Judiciário.
Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) responderam, em diversas situações, que as urnas são invioláveis e seguras.
Dentro dessa atuação contra o sistema eletrônico de votação, o presidente da República chegou a divulgar inquérito sigiloso sobre ataque hacker ao TSE, com o objetivo de mostrar supostas vulnerabilidade das urnas.
A Polícia Federal considerou que Bolsonaro cometeu crime ao divulgar documentos sob sigilo, mas o procurador-geral da República, Augusto Aras, pediu o arquivamento do caso, sob o argumento de que os documentos vazados não estariam sob sigilo. Apesar de a PF ter apontado crimes no caso, quem tem a atribuição de apresentar uma denúncia contra os investigados ou pedir arquivamento é a PGR.
A pesquisa do Datafolha foi realizada nos dias 22 e 23 deste mês, com 2.556 pessoas, em 181 municípios do país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello; Edição de Pedro Fonseca)