Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - Parlamentares e órgãos colegiados do Congresso Nacional reagiram nesta quinta-feira às notícias de invasão de tropas russas na Ucrânia e condenaram a ação, cobrando dos envolvidos uma saída pela diplomacia e pelo diálogo.
Enquanto uns aproveitaram para "encorajar" o Brasil a atuar no âmbito diplomático, outros cobraram do governo brasileiro condene a invasão.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), afirmou em nota que acompanha com "crescente preocupação o agravamento do conflito entre Rússia e Ucrânia". O senador lembrou do potencial de impactos político, econômico e social "difíceis mesmo de imaginar" da atual crise.
"Consoante a política externa brasileira, que historicamente tem-se orientado pela busca da paz e pela solução negociada dos conflitos internacionais, como presidente do Congresso Nacional e, em nome de meus pares, reafirmamos a necessidade de um diálogo amplo, pacífico e democrático com vistas a uma rápida solução negociada que contemple os legítimos interesses das partes envolvidas", afirmou.
Na mesma linha, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), publicou no Twitter, apontando para a necessidade de "paz, entendimento e que as duas nações busquem os caminhos diplomáticos".
"O mundo já enfrenta o luto de milhões de perdas da pandemia de Covid- 19. À medida que voltamos à normalidade, assistimos uma escalada sem precedentes entre Rússia e Ucrânia", postou o deputado.
O presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, deputado Aécio Neves (PSDB-MG), afirmou que o colegiado repudia de forma "veemente" a ação militar contra a Ucrânia.
"Os bombardeios russos contra a Ucrânia, país soberano que conquistou sua Independência em 1991, violam as regras e normas internacionais e deve ser fortemente condenado pelas instâncias multilaterais e os governos democráticos", afirmou em nota o presidente do colegiado.
Já o vice-presidente da mesma comissão da Câmara, deputado federal Rubens Bueno (Cidadania-PR), defendeu que o Brasil condene de forma veemente a ação militar da Rússia. Bueno lembrou da visita recente do presidente Jair Bolsonaro à Rússia, quando a crise no leste da Ucrânia já se desenhava e classificou-a de "no mínimo, uma irresponsabilidade".
"O Brasil não pode fazer vista grossa para megalomania do presidente da Rússia, Vladimir Putin. Ele invadiu um país soberano e está colocando em risco toda estabilidade mundial", disse o vice-presidente da CRE, ressaltando que a soberania e a autodeterminação dos povos é princípio basilar de nossa democracia.
Por meio das redes sociais, outros parlamentares também se manifestaram contrários à invasão e favoráveis a uma solução negociada.
O vice-líder do governo no Senado Carlos Viana (MDB-MG) disse, usou publicação em seu Twitter para defender a soberania.
"O ataque não provocado da Rússia aos ucranianos mostra o quanto é necessário uma nação que tenha controle do próprio território, capacidade de defesa e diplomacia ativa", afirmou Viana.
A senadora Simone Tebet (MDB-MS), pré-candidata do MDB à Presidencia, afirmou, também na rede social, que os impactos no conflito no leste da Ucrânia já podem ser percebidos nos demais países, bolsas de valores e alta do preço do petróleo, com consequências negativas, como inflação e fome, para o Brasil. A parlamentar também cobrou ação do Itamaraty e do governo federal no âmbito diplomático e de auxílio aos brasileiros que se encontram na região.
"O Itamaraty precisa prestar assistência imediata aos brasileiros, garantir sua segurança e tirá-los da área de conflito", publicou.
"E o governo federal precisa deixar claro que nosso respeito é à soberania e aos princípios de não intervenção territorial e que estaremos lutando por uma solução de paz, através do diálogo e da diplomacia. Que Deus tenha misericórdia… As consequências da guerra invisível da fome e da miséria podem ser mais sangrentas", postou Tebet.
O senador Jaques Wagner (PT-BA) afirmou no Twitter que "é deplorável que a diplomacia perca para a beligerância. A ninguém interessam as guerras, que só resultam em destruição, fome e mortes. O diálogo é sempre o melhor caminho pra solução de conflitos. Nunca é demais lembrar: toda guerra se sabe como começa e não se sabe como termina".