Por Mitch Phillips
LILLE, França (Reuters) - A primeira Copa do Mundo de futebol no Uruguai, em 1930, contou com 13 seleções, após uma tentativa desesperada de persuadir qualquer país europeu a comparecer, e depois que o Egito perdeu sua conexão de navio e não apareceu para participar da história.
Na quarta-feira, a Fifa anunciou que, em reconhecimento ao centenário do torneio, Uruguai, Argentina e Paraguai irão sediar cada um um jogo na edição de 2030, que será co-organizada por Marrocos, Espanha e Portugal.
Em contraste com o evento pouco notado de 1930, em 2030 bilhões de olhos, através de uma tecnologia inimaginável há quase 100 anos, estarão focados em cada minuto da ação. Em vez de 13 seleções, quase um quarto dos países do mundo estarão em campo após a expansão do torneio para 48 equipes em 2026.
E embora a maioria dos jogadores de 1930 fossem amadores, entre aqueles que entrarão em campo em 2030 estarão alguns dos atletas mais bem pagos e mais reconhecidos do mundo.
Para o torcedor moderno é quase impossível visualizar a Copa do Mundo de 1930. Embora o futebol internacional existisse há quase 60 anos, seu alcance era limitado e as competições entre continentes eram relativamente raras fora dos Jogos Olímpicos.
Não houve processo de classificação para o torneio de 1930; em vez disso, o mundo inteiro foi convidado. Dois meses antes do início dos jogos, nenhuma seleção europeia havia aceitado, enquanto a Inglaterra, na época fora da Fifa, se considerava acima de tal competição, e não se sujeitou a participar até a edição de 1950.
Finalmente, quatro seleções europeias foram persuadidas a fazer a longa viagem marítima – Bélgica, França, Iugoslávia e Romênia. O Sião, hoje Tailândia, entrou e depois desistiu, e nunca mais se classificou desde então, assim como o Japão, que teve que esperar até 1998 para fazer sua primeira participação oficial em mundiais.
O Egito deveria hastear a bandeira da África, mas perdeu o navio de conexão, deixando a competição com um número desajeitado de 13 equipes.
Depois de uma fase de grupos inesperadamente competitiva, ambas semifinais tiveram goleadas por 6 x 1, com a Argentina despachando os Estados Unidos e o Uruguai derrotando a Iugoslávia.
Os EUA, um dos três anfitriões do torneio de 2026 ao lado de México e Canadá, jogaram grande parte da semifinal com nove homens em campo, na época que a possibilidade de fazer substituições era um sonho distante.
Depois de uma jogada violenta contra um jogador norte-americano, o técnico Jack Coll correu para o campo para protestar com o árbitro, e entrou para história ao tropeçar e quebrar uma garrafa de clorofórmio. Nocauteado pelo vapor do produto, foi levado juntamente com o seu jogador lesionado.
Na final, o Uruguai, que havia conquistado os dois títulos olímpicos anteriores de futebol, que o tornaram campeão mundial não oficial na época, derrotou seus ferozes rivais argentinos por 4 x 2 no Estádio Centenário, que sediará um dos três jogos em 2030.
A seleção celeste conquistou o título novamente em 1950 e têm se destacado no futebol de seleções desde então. A Argentina finalmente conquistou seu primeiro mundial em 1978 e somou mais dois, em 1986 e 2022, se consolidando como uma superpotência futebolística estabelecida.
A Fifa ainda não explicou por que o Paraguai, que disputou o primeiro torneio mas só chegou às quartas de final uma vez, ganhou uma partida para sediar e a classificação automática, segundo o presidente de sua federação.
(Reportagem de Mitch Phillips)