Por Jarrett Renshaw
FILADÉLFIA (Reuters) - Quando perguntaram ao parlamentar republicano Don Bacon se ele apoiava a candidatura de Donald Trump à Casa Branca no próximo ano, em um encontro com eleitores do Nebraska no mês passado, ele rejeitou a pergunta, dizendo que era muito cedo para dizer, já que o ex-presidente ainda não havia garantido a indicação do partido.
Apesar da falta de resposta, um ativista democrata com uma câmera de vídeo filmou a conversa e ela foi rapidamente divulgada online com a manchete Bacon "se recusa a dizer ao povo de Nebraska se apoia Trump".
A tentativa de provocar um republicano vulnerável como Bacon é um cenário que provavelmente se repetirá em distritos competitivos em todo o país nos próximos meses, disseram estrategistas democratas à Reuters.
Embora o presidente Joe Biden e sua campanha de reeleição raramente tenham comentado sobre a série de acusações criminais contra Trump, os democratas que concorrem a cargos estaduais e locais em todo o país estão adotando a tática oposta e fazendo das acusações uma parte fundamental de sua campanha.
Os democratas esperam explorar o que consideram uma fraqueza estrutural para os republicanos nos Estados que serão palco de disputas em 2024: qualquer candidato republicano que critique Trump corre o risco de perder a base de eleitores do partido que o adora. Mas eles acreditam que qualquer republicano que não condene Trump arrisca perder os republicanos mais moderados e os eleitores independentes de que precisam para derrotar um democrata.
"Os republicanos estão se contorcendo para não alienar os apoiadores de Trump e, ao mesmo tempo, apelar para as partes mais moderadas de seu partido", disse Jennifer Holdsworth, estrategista democrata. "Os democratas vão trabalhar duro para garantir que essa não seja mais uma estratégia sustentável."
Embora os problemas legais de Trump tenham aumentado sua popularidade entre alguns eleitores das primárias republicanas, muitos eleitores independentes, que muitas vezes decidem as eleições nacionais e locais, veem a possível condenação criminal de Trump como um motivo para votar contra ele, de acordo com pesquisas Reuters/Ipsos em Estados importantes como Arizona.
A campanha de Bacon não respondeu aos pedidos de comentários. As autoridades do Partido Republicano dizem que o tempo dos democratas seria mais bem gasto se preocupando com a popularidade de seu próprio candidato à Presidência, Joe Biden.
Os democratas estão monitorando entrevistas em rádios locais, vasculhando notícias e contratando equipes de rastreadores políticos com câmeras para cobrir eventos republicanos, a fim de capturar o momento em que um candidato recebe uma pergunta sobre lealdade a Trump.
O rastreamento, que significa essencialmente seguir um oponente na esperança de que ele cometa um deslize ou faça algo que possa ser usado para influenciar os eleitores, tornou-se uma prática onipresente nas campanhas políticas norte-americanas nos últimos anos. Segundo alguns democratas, isso só aumentará em 2024.
A American Bridge 21st Century, a maior operação de pesquisa, rastreamento e resposta rápida do Partido Democrata, gastou 84 milhões de dólares rastreando candidatos republicanos e usando as filmagens para veicular anúncios contra eles em seus Estados de origem em 2020.
Em 2024, a operação “será maior do que nunca”, disse o presidente da insitituição, Pat Dennis, à Reuters.