👀 Não perca! As ações MAIS baratas para investir agoraVeja as ações baratas

Desmatamento cai 10% na Amazônia em maio, mas dispara 83% no Cerrado

Publicado 07.06.2023, 16:31
Atualizado 07.06.2023, 19:35
© Reuters. Área desmatada em meio à floresta amazônica no município de Uruará, Pará, Brasil
14/7/2021 REUTERS/Bruno Kelly

Por Lisandra Paraguassu

(Reuters) - O desmatamento na floresta amazônica caiu 10% em maio na comparação com o mesmo mês do ano passado, mas a derrubada de mata nativa disparou 83% no mês no Cerrado em relação a 2022, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima.

No acumulado de janeiro a maio, a derrubada de florestas na Amazônia recuou 31%, enquanto no Cerrado houve aumento de 35% no desmatamento no período em comparação com o ano passado, acrescentou o MMA, com base em dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

Diante do quadro, o secretário-executivo do MMA, João Paulo Capobianco, afirmou que a intenção da pasta é lançar um novo plano de combate ao desmatamento no Cerrado até setembro para tentar conter o aumento. A expectativa é de reverter a tendência de alta no desmatamento no bioma nos próximos meses, afirmou.

"Os números do cerrado acende um alerta para ação muito intenso do governo. Isso é uma prioridade para o governo para que possa agir a tempo, elaborar o PCCCerrado com mais brevidade possível para lançar até setembro e ter as equipes em campo", disse.

Os dados divulgados pelo MMA mostram que 24 municípios representam 50% de todo desmatamento do Cerrado, sendo 10 deles na Bahia, inclusive o campeão, São Desidério, e o vice, Jaborandi. Ambos estão localizados no oeste do estado, que vive um novo boom agrícola com o crescimento das plantações de soja.

Além disso, 77% do desmatamento no bioma estão localizados em imóveis registrados no Cadastro Ambiental Rural (CAR), e a estimativa do MMA é que mais da metade da retirada de floresta nativa seja autorizada pelos órgãos ambientais estaduais. Capobianco lembra que no Cerrado a necessidade de manutenção de reserva nas propriedades é de apenas 35%, enquanto na Amazônia é de 80%.

O MMA já pediu aos Estados o detalhamento das autorizações de desmatamento mas, segundo o secretário, não teve resposta. Agora, o Ibama, que tem poder legal para isso, vai exigir os dados. A intenção é checar se os requisitos legais estão sendo cumpridos.

"Nossa ideia é a partir desse ano começar a separar a divulgação de dados, de desmatamento legal e ilegal. A agenda de desmatamento ilegal é agenda do crime, de comando e controle. Do autorizado, vamos trabalhar para ver se estão cumprindo a lei e, se estão, vamos ter que trabalhar instrumentos econômicos, quais incentivos que vão promover uma redução do desmatamento", disse o secretário de controle do Desmatamento, André Lima.

Lima destaca que com a previsão de reservas de 35% é possível autorizar o desmatamento na região de até 40 milhões de hectares de vegetação nativa.

"Isso significa um potencial de emissões da ordem de 5 milhões de toneladas de CO2 só no cerrado, com desmatamento autorizado, então vamos ter que enfrentar isso", disse.

Capobianco lembrou que economicamente um desmatamento nessa proporção pode não interessar ao país.

"Isso tem implicações na atividade econômica. Seja na produção, seja em relação aos mercados. Já há algum tempos os importadores deixaram de olhar apenas para Amazônia. É uma discussão a ser feita com a sociedade. A conservação dos ativos nacionais interessa a todos, interessa ao agronegócio e é fundamental para garantir que os mercados de exportação sejam mantidos."

AMAZÔNIA

Depois de quatro anos de crescimento constante de desmatamento na Amazônia Legal, os números desses primeiros meses são comemorados com cautela no MMA. Capobianco lembra que maio já é um mês de crescimento de desmatamento na região, e a reversão da tendência é uma vitória, mas os piores meses ainda estão por vir.

"Temos agora os meses de junho e julho que vão exigir um esforço dobrado para evitar que volte a haver crescimento em um período que historicamente cresce o desmatamento. Isso preocupa muito", disse.

O governo intensificou bastante as ações de controle, multas e embargos em terras com desmatamento na Amazônia. Nos primeiros meses deste ano, os valores de multas aumentaram em 185%, os autos de infração em 179% e os embargos de terras, 128%.

O governo também começou a suspensão e o cancelamento de terras registras no CAR que tenham indícios de irregulares, a começar por terras indígenas. Com 1,75 milhão de hectares de terras que se sobrepunham às TI cancelados e outros 921 mil ha, suspensos.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva venceu as eleições de 2022 prometendo intensificar os esforços para coibir o desmatamento, após anos de destruição sob o mandato do antecessor Jair Bolsonaro.

© Reuters. Área desmatada em meio à floresta amazônica no município de Uruará, Pará, Brasil
14/7/2021 REUTERS/Bruno Kelly

O ex-presidente havia reduzido medidas de proteção ambiental, cortando financiamento e pessoal em órgãos importantes relacionados, enquanto defendia maior agricultura e mineração em terras protegidas.

Na segunda-feira, Lula lançou um plano de ação com o objetivo de eliminar o desmatamento ilegal na floresta amazônica até 2030.

(Reportagem adicional de Maria Carolina Marcello)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.