Por Fernando Cardoso
(Reuters) - O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse nesta quarta-feira que o governo federal não pretende fechar "quase todos" os clubes de tiro do país, como defendido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na terça-feira, e que sua pretensão é suspender as atividades somente daqueles que "não cumprem a lei".
Em entrevista ao programa "Bom Dia, Ministro", do CanalGov, Dino afirmou que o plano do ministério é aumentar a fiscalização sobre os clubes de tiro, o que não teria sido feito durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, e afastar do mercado os "mal profissionais".
"Os clubes de tiros cresceram nos últimos anos sem nenhuma regulamentação... Na ausência de fiscalização, por trás de atividades legais, se implantaram atividades ilegais, criminosas, desviando armas e vendendo para quadrilhas", disse.
"Estamos preocupados com os clubes de tiros que não cumprem a lei."
Na terça-feira, durante live transmitida em suas redes sociais, Lula disse que havia comunicado ao ministro que desejava fechar "quase todos" os clubes de tiro e que apenas as polícias e as Forças Armadas deveriam ter locais para a prática da atividade.
"Eu sinceramente não acho que o empresário que tem um lugar de praticar tiro é empresário... Eu já disse para o Flávio Dino: nós temos que fechar quase todos, só deixar aberto aqueles que são da Polícia Militar, Civil ou do Exército", disse Lula na ocasião.
Dino afirmou que, na verdade, o presidente tem alertado para "separar o joio do trigo" e "intensificar a fiscalização", mas defendeu que o discurso armamentista é "desrespeitoso" às polícias e não vai diminuir a criminalidade.
"Não é essa ideia de dar uma arma para cada cidadão e vai diminuir a criminalidade... Esse é um discurso desrespeitoso com as polícias. Nós confiamos nas polícias. Armas nas mãos certas", disse.