Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Com dificuldades para melhorar seus números nas pesquisas eleitorais em sua tentativa de reeleição, o presidente Jair Bolsonaro (PL) dedicou os dois últimos dias a atos com evangélicos --um público em que ainda tem maioria nas pesquisa-- e reforçou o discurso em defesa de pautas conservadoras.
Em um encontro de mulheres evangélicas em Vitória do Mearim (MA), na manhã desta quinta-feira, Bolsonaro voltou a dizer que família é composta por um homem e uma mulher e afirmar que vetaria uma proposta de liberação do aborto --que não existe--, além de criticar ideias de liberação das drogas, que também não existe.
"Não podemos permitir que a política de há poucos anos volte no futuro. Aquela da ideologia de gênero. Não tem cabimento quererem dizer aos nossos filhos de seis, sete anos que ele pode mudar de sexo quando fizer 12, 13 ou 14 anos", disse Bolsonaro.
Ideologia de gênero é um dos aspectos usados pelo presidente para assustar o eleitorado mais conservador. No entanto, em nenhum momento houve, no país, incentivo nas escolas a mudança de sexo ou à homossexualidade, mas sim o respeito a essas situações.
No dia anterior, em outro evento com evangélicos, Bolsonaro também martelou esse tema, atacando a homossexualidade e defendendo o que chama de "família tradicional".
"O que nós queremos é que o Joãozinho seja Joãozinho a vida toda. A Mariazinha seja Maria a vida toda, que constituam família, que seu caráter não seja deturpado em sala de aula", atacou.
As pesquisas mais recentes que fazem o recorte por religião mostram que Bolsonaro ainda tem maioria nesse público. Nas última semanas, Bolsonaro tem participado de vários encontros de evangélicos e Marchas para Jesus, em diversas partes do país.
No cenário geral, Bolsonaro está atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas pesquisas, com diferenças que vão de 10 a 20 pontos, a depender do levantamento.