Por Fernando Cardoso
(Reuters) - Após dois ataques com mortes a escolas em São Paulo e Blumenau(SC), entidades educacionais em todo o país estão promovendo medidas adicionais de proteção e segurança dentro e fora das salas de aula para lidar com o temor de novos ataques, estimulado pelo que o governo Lula chama de difusão de pânico nas redes sociais.
Além do esforço da gestão federal, que anunciou repasses aos municípios e a criação de uma sistema para receber denúncias, Estados, municípios, universidades e outras entidades privadas também estão tomando suas próprias medidas para melhorar a segurança dentro dos centros de estudo.
Em São Paulo, a Secretaria de Educação do Estado afirmou que têm intensificado operações de monitoramento e investigação de ameaças relatadas por escolas e está orientando a utilização de câmeras nas unidades educacionais.
No Rio de Janeiro, autoridades governamentais reforçaram o policiamento em escolas e criaram um comitê permanente de segurança para o acompanhamento da situação, relatou a Secretária de Educação fluminense.
Em Santa Catarina, o governador Jorginho Mello (PL) anunciou o plano de colocar pelo menos um policial armado escolas da rede pública estadual.
Escolas e universidades particulares também têm agido para reforçar a segurança para alunos e professores.
Na capital paulista, o Instituto Presbiteriano Mackenzie, uma das universidades mais tradicionais da cidade, anunciou a contratação de mais profissionais de segurança para suas instalações e dificultou a forma de acesso na entrada.
O Centro Universitário FMU, também em São Paulo, além de aumentar o número de funcionários de segurança própria, relatou que esteve em contato com autoridades policiais para ter mais rondas motorizadas no entorno de suas unidades.
Instituições ligadas à área da educação alertam, no entanto, que soluções a longo prazo para a crise de violência devem passar também por medidas do tipo psicossocial, que acompanhem o desenvolvimento dos alunos do ponto de vista psicológico.
A Associação Nacional das Universidades Particulares (Anup) afirmou em nota que as "escolas precisam ter um olhar atento aos sinais que os alunos nos enviam" e "devem reforçar suas áreas de apoio psicopedagógico, acolher e orientar professores e coordenadores, combater o bullying e todo tipo de ação intolerante ou discriminatória".
Já a União Nacional dos Estudantes (UNE) defendeu que "deve ser feito um trabalho intenso pela saúde mental nas escolas e universidades, abrangendo toda a comunidade, além do monitoramento e cooperação das plataformas contra as postagens extremistas e exaltação à violência".
DIFUSÃO DE PÂNICO
Os dias depois do atentado em uma creche de Blumenau, em que um homem invadiu o local com uma machadinha e matou quatro crianças, têm sido preenchidos pelo medo diante novas ameaças e reportes falsos de novos ataques.
Conteúdos sobre falsos novos atentados receberam milhares de visualizações nas redes sociais nesta semana. Alguns ds posts usam imagens antigas para afirmar que houve atentados recentes em cidades brasileiras, como mostrou a Reuters Fact Check, divisão de verificação de fatos da Reuters. O objetivo é espalhar pânico e atrapalhar investigações, dizem pesquisadoras.
Para lidar com os ataques e com a onda de medo, o governo federal criou um grupo de trabalho interministerial sobre violência nas escolas. Também anunciou o repasse de 150 milhões de reais pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública para o uso nas escolas e 100 milhões de reais para as guardas municipais.
Além disso, foi editada uma portaria que estabelece diretrizes para que as plataformas de redes sociais reforcem o monitoramento de mensagens de ameaça e eventualmente retirem as mesmas do ar.
Segundo o ministro da Justiça, Flávio Dino, trata-se de uma situação emergencial, com uma "epidemia" de ataques e de ameaças, além de difusão de pânico.