Por Joseph Campbell e Alessandra Prentice
ZAPORIZHZHIA/MARIUPOL, Ucrânia (Reuters) - Dezenas de pessoas que se esconderam por semanas nos bunkers de uma siderúrgica na cidade ucraniana de Mariupol, ocupada pela Rússia, chegaram nesta terça-feira em segurança à cidade de Zaporizhzhia, controlada pelo governo da Ucrânia, com os hospitais prontos para tratar pessoas de queimaduras a desnutrição.
Pessoas de aparência exausta, incluindo crianças pequenas e aposentados, desceram de ônibus que pararam no estacionamento de um shopping center em Zaporizhzhia, no sul da Ucrânia, não muito longe das linhas de frente do combate.
Mais de 200 civis permanecem na siderúrgica de Azovstal, de acordo com o prefeito de Mariupol, Vadym Boichenko, com um total de 100.000 civis ainda na cidade que foi devastada por semanas de cerco e bombardeios russos.
"Graças à operação, 101 mulheres, homens, crianças e idosos puderam finalmente deixar os bunkers abaixo da siderúrgica de Azovstal e ver a luz do dia depois de dois meses", disse Osnat Lubrani, coordenador humanitário da ONU para a Ucrânia.
O extenso complexo industrial de Azovstal e seus muitos bunkers e túneis se tornaram um refúgio para civis e combatentes ucranianos quando Moscou sitiou Mariupol.
A ONU e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) coordenaram a operação de cinco dias que começou em 29 de abril para retirar mulheres, crianças e idosos da siderúrgica.
Outras famílias e pessoas de fora da siderúrgica se juntaram ao comboio de ônibus e ambulâncias, disse o CICV.
"Não acredito que consegui, só queremos descansar", disse Alina Kozitskaya, que passou semanas abrigada em um porão com as malas prontas esperando uma chance de escapar.
Uma mulher de meia-idade saiu do ônibus soluçando. Ela foi consolada por um trabalhador humanitário.
Algumas mulheres que saudaram o comboio ergueram cartazes feitos à mão, pedindo às autoridades ucranianas que retirem soldados --seus parentes e entes queridos-- que estão presos em Azovstal e cercados pelas forças russas.