Por Andrew Mills
DOHA (Reuters) - Os torcedores da Copa do Mundo no Catar pegos cometendo delitos menores, como embriaguez em público, escaparão de processos sob planos desenvolvidos pelas autoridades do país muçulmano conservador, disseram à Reuters um diplomata e uma pessoa familiarizada com orientações do Catar para a polícia estrangeira.
Embora a estratégia de policiamento para a competição, que começa em dois meses, ainda não tenha sido finalizada, os organizadores disseram a diplomatas e policiais de países classificados que pretendem mostrar flexibilidade para infrações relativamente pequenas, disseram as fontes.
Os sinais refletem o delicado equilíbrio que o Catar, um pequeno Estado árabe onde muitos seguem a mesma escola puritana do islamismo sunita da vizinha Arábia Saudita, está tentando estabelecer entre respeitar as tradições religiosas e acomodar a exuberância de mais de um milhão de torcedores visitantes.
Os organizadores não esclareceram publicamente sua abordagem ao policiamento, e muitas embaixadas alertaram os torcedores de que enfrentarão punições por comportamentos que são tolerados em outros lugares.
De acordo com o código legal do Catar, a liberdade de expressão é restrita, a homossexualidade é ilegal e o sexo fora do casamento é proibido. A embriaguez pública pode resultar em uma pena de prisão de até seis meses e algumas ações toleradas em outros lugares, como demonstrações públicas de afeto ou usar roupas que revelam partes do corpo, podem ser motivos de prisão.
No entanto, os organizadores já pretendem relaxar as rígidas leis do Catar que limitam a venda pública de álcool e permitirão que a cerveja seja servida perto dos estádios algumas horas antes do início das partidas.
Informalmente, eles também disseram à polícia de países europeus que se classificaram para o torneio e a alguns diplomatas em Doha que esperam que a polícia mostre flexibilidade na aplicação de outras leis, como embriaguez ou desordem pública.
A segurança é apenas um dos desafios enfrentados pelo Catar, o primeiro país do Oriente Médio a sediar uma Copa do Mundo de futebol e o menor país a fazê-lo. Com uma população de menos de 3 milhões de pessoas, receberá um fluxo de 1,2 milhão de torcedores, um desafio sem precedentes para o Estado do Golfo Árabe.
(Reportagem de Andrew Mills)