Por Michaela Cabrera
(Reuters) - "Les Olympiades", novo filme do diretor francês Jacques Audiard não mostra a Torre Eiffel, os prédios de Haussmann ou o Rio Sena.
Ele volta suas lentes ao 13º distrito de Paris, conhecido como a "Chinatown de Paris", onde ele já morou.
Com personagens inspirados nas graphic novels do artista americano Adrian Tomine, Audiard apresenta pessoas jovens, instruídas, mas desiludidas na busca de seus caminhos, e evita conscientemente os clichês cinematográficos sobre a divisão entre pobres e ricos na França.
"Eu queria falar da classe média, das pessoas que têm diplomas universitários e que de certa maneira obtiveram um nível de sucesso, mas que não tem lá muita coisa acontecendo com eles", disse Audiard em entrevista à Reuters na quinta-feira, um dia após a estreia de seu filme em Cannes.
"Les Olympiades" é um dos 24 filmes na mostra competitiva pela Palma de Ouro na 74ª edição do festival de Cannes.
As filmagens durante a pandemia de Covid-19 ajudaram a atriz de primeira viagem Lucie Zhang a entrar em sua personagem Emilie, uma jovem mulher que luta para manter um emprego enquanto tenta não se apaixonar por sua companheira de apartamento.
"Durante a pandemia, estamos muito mais sozinhos, fechados e isolados. Então talvez isso possa trazer esse tipo de emoção nos personagens, inconscientemente", disse Zhang.
Audiard, que venceu a Palma de Ouro em 2015 com "Dheepan: O Refúgio", um filme sobre refugiados tâmeis na França, disse que é preocupante que alguns filmes franceses faltem com a representatividade multirracial. No filme, dois dos principais personagens - Camille e Emilie - são de famílias de imigrantes.