(Reuters) - Defesas antimísseis norte-americanas interceptaram foguetes disparados contra o aeroporto de Cabul nesta segunda-feira, enquanto os Estados Unidos retiravam seus principais diplomatas do Afeganistão nas horas finais de sua caótica missão de saída do país.
Os últimos militares dos EUA devem partir de Cabul até terça-feira, depois de o país e seus aliados realizarem a maior retirada aérea da história, transportando cerca de 114 mil pessoas, entre cidadãos dos países aliados e afegãos que os ajudaram durante mais de 20 anos de guerra.
Duas autoridades norte-americanas disseram que o "cerne" do corpo diplomático havia partido até a manhã desta segunda-feira, sem dizer se isto inclui o embaixador Ross Wilson, que se esperava estar entre os últimos a saírem antes dos próprios soldados.
"Quando a ponte aérea e o frenesi midiático terminarem, a imensa maioria dos afegãos, cerca de 39 milhões, continuará dentro do Afeganistão. Eles precisam de nós", disse Filippo Grandi, alto comissário das Nações Unidas para Refugiados.
Uma autoridade dos EUA disse que relatos iniciais não indicavam nenhuma baixa de seu país depois que até cinco mísseis foram disparados contra o aeroporto. O Estado Islâmico, que é inimigo tanto do Ocidente quanto do Taliban, assumiu responsabilidade pelos ataques com foguetes.
Os foguetes vieram na esteira de um grande atentado de um homem-bomba do Estado Islâmico diante dos portões do aeroporto na quinta-feira que matou dezenas de afegãos e 13 soldados dos EUA.
Nos últimos dias, os EUA alertaram para mais atentados e realizou dois ataques aéreos. O governo dos EUA disse que ambos visaram alvos do Estado Islâmico, inclusive um no domingo que disse ter impedido uma tentativa de ataque suicida explodindo um carro repleto de explosivos em Cabul, mas que afegãos disseram ter atingido civis.
O Comando Central dos EUA disse que está investigando relatos de baixas civis.
"Sabemos que houve explosões subsequentes consideráveis e poderosas que resultaram da destruição do veículo, indicando uma quantidade grande de material explosivo no interior que pode ter causado baixas adicionais", disse a entidade.
O ataque de drone matou sete pessoas, disse o porta-voz do Taliban, Zabihullah Mujahid, ao canal de televisão estatal chinês CGTN nesta segunda-feira, rotulando a ação dos EUA em solo estrangeiro como ilegal.
Foi a segunda crítica do tipo depois de um ataque de drone norte-americano no sábado que matou dois militantes do Estado Islâmico em Nangarhar, uma província do leste, e que o porta-voz disse ainda ter ferido duas mulheres e uma criança.
O presidente norte-americano, Joe Biden, voltou a confirmar sua ordem para que os comandantes façam "o que for necessário para proteger nossas forças no local" depois de ser inteirado do ataque de foguetes desta segunda-feira, disse a Casa Branca, acrescentando que ele foi informado de que as operações no aeroporto continuam sem interrupções.
(Redações da Reuters)