BRASÍLIA (Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu um minuto de silêncio, durante cerimônia no Palácio do Planalto para assinatura de decretos nesta quarta-feira, em homenagem às crianças mortas em ataque a uma creche em Blumenau (SC), e o governo federal disponibilizou 150 milhões de reais do Fundo Nacional de Segurança Pública para o reforço do policiamento em escolas.
"Penso que todos nós que somos pais, avós, mães, tios, jamais imaginávamos que pudesse acontecer", disse Lula no início de seu discurso, ao referir-se ao ataque às crianças como uma "monstruosidade".
"Não tem palavra para consolar a família. Quem já perdeu parente sabe que não existe palavra. Mas eu acho que era importante um gesto nosso... fazer um minuto de silêncio em homenagem aos familiares dessas crianças que foram vítimas dessa barbaridade", pediu o presidente, em cerimônia de assinatura de atos no setor de saneamento básico.
Mais cedo, os ministros da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, e da Educação, Camilo Santana, divulgaram novas ações tomadas pelo governo para conter a violência nas escolas, que incluem a criação de um grupo interministerial, com a participação de especialistas e secretários dos Estados, para discutir ações para prevenir e conter a violência nas escolas. A ideia é abordar, inclusive, além da segurança pública, o acompanhamento psicológico e a influência da internet nos ataques.
"Hoje há um problema seríssimo que são as redes sociais, a chamada deep web, dark web, que hoje movimenta jovens e pessoas no Brasil inteiro. Aliás, no mundo inteiro", disse Santana em entrevista a jornalistas.
Também presente na entrevista, Dino afirmou que o Ministério da Justiça e Segurança Pública formou um grupo de policiais dedicado ao monitoramento da internet para identificar ameaças.
"Estou constituindo na nossa Secretaria Nacional de Segurança Pública um grupo emergencial de monitoramento daquilo que é chamado de deep web, darkweb. Porque nós estamos vendo, nesse instante, no país, uma ideia de pânico", disse Dino a jornalistas.
"Há ameaças em relação a outras escolas, universidades. E nós estamos a partir de amanhã com 50 policiais que vão se dedicar nos próximos dias exclusivamente a monitoramento dessas ameaças na internet", acrescentou.
Segundo os ministros, o grupo, que será criado por um decreto a ser assinado ainda nesta quarta por Lula, já estava em discussão desde o ataque em escola na última semana em São Paulo e terá sua primeira reunião na quinta-feira.
Um homem de 25 anos matou quatro crianças e feriu ao menos outras cinco nesta quarta-feira usando uma machadinha em um ataque a uma creche em Blumenau, informaram autoridades de Santa Catarina. Este foi o segundo ataque com mortos a uma instituição de ensino do país em pouco mais de uma semana.
Na segunda-feira da semana passada, um aluno de 13 anos matou a golpes de faca uma professora e feriu mais três docentes e um estudante em uma escola pública na cidade de São Paulo antes de ser detido pela polícia.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)