BRASÍLIA (Reuters) - O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) autorizou uma agente do seu quadro a viajar a Miami entre a quarta e quinta-feiras para compor a equipe de "segurança familiar" do presidente Jair Bolsonaro, em um indicativo de que mandatário pode viajar aos EUA e assim não passar a faixa ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva no próximo domingo.
A autorização para a viagem da agente Aline Amancio de Oliveira foi assinada pelo ministro-chefe do GSI, Augusto Heleno, e publicada nesta quarta no Diário Oficial da União.
Procurada, a Secretaria de Comunicação não respondeu de imediato a pedido de comentário acerca da possível viagem do presidente.
Derrotado no segundo turno por Lula em outubro, Bolsonaro até o momento não reconheceu publicamente a vitória do petista e desde então tem dado pouquíssimas declarações.
Na manhã desta quarta, segundo uma fonte, o presidente reuniu-se com o presidente do seu partido, o PL, Valdemar Costa Neto, e o seu colega de chapa na disputa presidencial, o general da reserva Braga Netto, no Palácio do Alvorada. No encontro, conforme a fonte, Bolsonaro não quis falar da possibilidade de viagem aos EUA.
Aliados de Bolsonaro no PL esperam que ele dê uma declaração pública antes de viajar, de acordo com a fonte, mas admitem que as chances são remotas. Na legenda, há quem aponte um risco de ele perder capital político dado o quase silêncio desde as eleições.
A se concretizar a viagem antes da posse de Lula, Bolsonaro quebraria uma tradição simbólica de passar a faixa presidencial ao petista em 1º de janeiro. A rigor, os ritos formais para a assunção do novo chefe do Executivo podem ser realizados sem essa passagem. O ex-presidente Michel Temer, por exemplo, passou a faixa presidencial para Bolsonaro em 1º de janeiro de 2019.
(Reportagem de Ricardo Brito. Edição de Flávia Marreiro)