BRASÍLIA (Reuters) - O ex-advogado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na operação Lava Jato Cristiano Zanin tomou posse, nesta quinta-feira, como ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), cargo que poderá ocupar por quase três décadas.
Indicado por Lula e chancelado pelo Senado após cerca de 8 horas de sabatina em junho, Zanin, de 47 anos, assume cadeira deixada vaga pelo ministro Ricardo Lewandowski em abril, quando completou 75 anos e se aposentou compulsoriamente. Se permanecer no cargo até o limite dos 75 anos, Zanin só deixará a corte em 2050.
A posse foi formalizada em uma sessão solene no plenário do tribunal, sem discursos, que contou com a presença dos presidentes dos Três Poderes: a presidente do STF, Rosa Weber; o presidente do Congresso, senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG); e o próprio Lula.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e diversos ministros do governo também estiveram presentes, assim como outras autoridades.
Zanin advogou para Lula nos processos da Lava Jato e esteve à frente da ação que resultou na anulação das condenações do petista pelo STF. Questionado durante a sabatina no Senado, garantiu que não julgará processos em que tenha atuado como advogado, deixando claro que o controle sobre eventual impedimento está previsto em lei e regras objetivas.
Sinalizou, no entanto, que pode não se declarar impedido de analisar casos ligados à operação Lava Jato que chegarem ao STF. Mesmo sendo um crítico da operação, Zanin disse não acreditar que uma mera "etiqueta" de Lava Jato em um processo seja critério jurídico suficiente para determinar seu impedimento de julgar o caso como ministro do Supremo.
Defensor do amplo direito de defesa, o novo ministro do Supremo formou-se em Direito na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) em 1999, e chegou ao posto de principal advogado de Lula por um elo de família. Ele tem como sócia em seu escritório a esposa, Waleska Zanin Martins, com quem tem três filhos. Waleska é filha de Roberto Teixeira, compadre de Lula e que há décadas atuava como advogado do petista.
Ainda na carreira da advocacia, atuou na revisão da leniência da J&F, holding dos irmãos Joesley e Wesley Batista, e foi contratado pela Americanas (BVMF:AMER3), em meio à crise com os credores após o pedido de recuperação judicial da varejista.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello)