BRASÍLIA (Reuters) - O Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJDFT) mandou o UOL retirar do ar reportagens sobre o uso de dinheiro vivo em 51 dos 107 imóveis comprados pela família do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), nos últimos 30 anos.
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), um dos coordenadores da campanha do pai, chamou a decisão de vitória em postagem no Twitter nesta sexta-feira.
"Justiça entende que lulistas do @UOL @UOLNoticias inventaram enredo mentiroso e criminoso sobre imóveis para atacar Bolsonaro na eleição!", disse.
"Foi aceita minha queixa-crime para que eles respondam pelos crimes que cometeram contra mim e minha família!", emendou ele.
Reportagem do UOL desta sexta afirmou que o desembargador Demetrius Gomes Cavalcanti, do TJDFT, determinou que o portal retirasse do ar duas matérias e postagens em suas redes sociais com menção ao caso. O UOL disse que cumpriu a decisão, mas vai recorrer.
Procurada, a assessoria do TJDFT afirmou, em nota, que "fomos informados que o processo em questão, na 2ª instância, está em sigilo de justiça. Assim, não podemos compartilhar nenhuma informação sobre o assunto".
O caso noticiado pelo UOL desde o final de agosto tem gerado bastante repercussão durante as eleições. Uma fonte da campanha de Bolsonaro admitiu que a matéria dificultou a estratégia de explorar as acusações de corrupção dos governos petista para tentar desgastar o principal adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No início do mês, Bolsonaro chegou a se irritar com uma pergunta sobre a reportagem durante sabatina na Jovem Pan e disse ser uma "covardia" o que chamou de perseguição promovida contra parentes seus. O presidente argumentou que o termo "em moeda corrente" não significa que a transação foi feita em dinheiro vivo.
Posteriormente, a campanha de Bolsonaro foi ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para garantir um direito de resposta a ele na propaganda eleitoral na tevê de Lula que fazia menção à compra de imóveis pela família Bolsonaro. Alegavam que ela era falsa e fazia "gravíssimas ofensas à honra e à imagem" do presidente e a família dele. O TSE, entretanto, rejeitou o pedido da coligação do candidato à reeleição.
(Reportagem de Ricardo Brito)