(Reuters) - De olho na maior bancada individual na Câmara dos Deputados, o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), disse nesta quinta-feira que procuraria envolver o ex-presidente Jair Bolsonaro nas negociações da reforma tributária num esforço para que o partido dele, o PL, não feche questão contra a proposta, que deve ser votada em primeiro turno nesta noite.
Em entrevista à BandNews TV na manhã desta quinta, Lira afirmou que, além dele, os senadores Ciro Nogueira (PP-PI) e Rogério Marinho (PL-RN), e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) -- três ministros importantes do governo Bolsonaro -- conversariam com o ex-presidente sobre a reforma.
Bolsonaro tem se posicionado publicamente e de forma firme contra a reforma.
Segundo uma fonte ligada a Lira, Bolsonaro telefonou ainda pela manhã ao presidente da Câmara pedindo o adiamento da votação da reforma para o próximo mês. Lira, entretanto, disse-lhe que não poderia atender e fez um pedido para que o ex-presidente não insistisse com a ideia de o PL fechar questão contra a proposta.
Bolsonaro participou nesta quinta de uma reunião com a bancada de 99 deputados do PL, que também teve a presença de Tarcísio.
Após a reunião, o PL decidiu defender que os parlamentares tenham mais tempo para analisar a proposta de reforma tributária, além de mudanças no texto atual, segundo o líder da oposição na Câmara, Carlos Jordy (PL-RJ), que participou do encontro.
Jordy disse ainda que, caso o texto vá à votação nesta quinta, como quer Lira, sem as alterações defendidas pelo partido, o PL deverá fechar questão contra a matéria, o que significa que deputados que contrariarem a orientação e votarem a favor da reforma poderão ser punidos.
Dado o seu tamanho, a bancada do PL é especialmente importante na votação porque, por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), a reforma tributária precisa dos votos favoráveis de 308 dos 513 deputados em dois turnos de votação para então ir ao Senado, onde necessitará do aval de 49 dos 81 senadores também em dois turnos para ser promulgada.
(Reportagem de Ricardo Brito, em Brasília, e Eduardo Simões, em São Paulo)