Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), anulou a convocação do ministro da Casa Civil, Rui Costa, à CPI do MST, livrando um dos mais importantes nomes do governo federal a prestar depoimento ao colegiado nesta quarta-feira.
De acordo com a Agência Câmara de Notícias, Lira avaliou que não havia correlação entre a pasta comandada por Costa e o tema principal da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) criada para investigar o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), condição necessária para a convocação de ministros de Estado.
"No caso em tela, não se demonstrou no requerimento a conexão entre as atribuições do ministro da Casa Civil da Presidência da República e os fatos investigados pela CPI sobre o MST", decidiu o presidente, em resposta a questão de ordem apresentada por um deputado do PT.
A convocação do ministro -- condição em que, caso mantida, obrigaria Costa a comparecer ao Congresso -- foi aprovada pela comissão na semana passada, a partir de um requerimento inserido na pauta quando a reunião do colegiado já estava em andamento.
O documento havia sido apresentado pelo relator da CPI, deputado Ricardo Salles (PL-SP), ex-ministro de Meio Ambiente do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Importante liderança do centrão, grupo que advoga por espaço no Executivo em troca da ampliação da base aliada no Congresso, Lira tem tomado algumas decisões que favorecem o governo.
Patrocinou e chegou a entrar pessoalmente na negociação de temas de interesse do Planalto, como projeto que retoma o voto de desempate no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), em julho. Também tem participado da articulação em torno do novo arcabouço fiscal, que voltou à Câmara após modificações promovidas pelo Senado.
Lira não definiu, no entanto, uma data para a votação e não garante que seja aprovado o texto produzido pelos senadores, que agrada o Planalto.