(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que considera a polarização política como algo positivo e fez a previsão de que ela se manifestará com força nas eleições municipais deste ano nas capitais.
"A polarização sempre vai existir, não tem jeito", disse Lula em entrevista à rádio CBN Recife.
"Eu acho bom que tenha polarização, nós somos uma sociedade viva. Essa polarização deve acontecer nas capitais. Quem é o candidato bolsonarista e quem não é o candidato bolsonarista. Em São Paulo vai ser muito visível isso. Não sei se em Recife vai ter candidato bolsonarista. Se tiver, vai pegar, a cobra vai fumar", disse Lula.
O presidente mais uma vez voltou a dar um tom nacionalizado à disputa pela prefeitura da capital paulista, na qual apoia o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP). O candidato à reeleição, o prefeito Ricardo Nunes (MDB), tem o apoio do governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afilhado político do ex-presidente Jair Bolsonaro, e deverá contar também com endosso do ex-presidente.
Lula foi indagado sobre reportagens na imprensa que afirmaram que ele estaria disposto a oferecer um ministério em seu governo para a deputada federal Tábata Amaral (PSB-SP) para que ela desista de sua pré-candidatura ao comando da capital paulista e apoie Boulos. O presidente afirmou que há uma "desfaçatez" de quem escreveu isso.
Disse ainda que Tábata é uma jovem que tem futuro político no Brasil e que ele não tentaria "corrompê-la" com um cargo no governo para que desista da candidatura. A deputada é apoiada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é do PSB.
"Se ela quiser ser candidata a prefeita -- e ela pode ser candidata a prefeita porque está em um partido político que vai decidir -- não vai ser o presidente Lula que vai impedir", disse.
"Será maravilhosa a disputa política e democrática. Se a Tábata for candidata e o Boulos for candidato, quem for melhor e for para o segundo turno, eu estarei apoiando. Se os dois forem para o segundo turno, aí sim vai ter divergência. Mas o que nós precisamos é derrotar o bolsonarismo na cidade de São Paulo."
Sobre a eleição na capital pernambucana, Lula teceu elogios ao prefeito de Recife, João Campos (PSB), e disse que acredita que será possível o PT fazer uma aliança com o PSB na cidade para apoiar a reeleição do atual prefeito, que é filho do falecido ex-governador pernambucano Eduardo Campos, de quem Lula tinha proximidade pessoal.
(Por Eduardo Simões, em São Paulo)