(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quarta-feira a que ministra da Saúde, Nísia Trindade, foi escolhida pessoalmente por ele e permanecerá no cargo enquanto ele quiser, em meio à pressão de partidos do centrão por mais espaço nos ministérios enquanto o governo busca votos no Congresso para destravar a pauta econômica.
O Ministério da Saúde é uma das pastas almejadas pelo grupo político liderado pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), segundo relatos.
"O Ministério da Saúde é do nosso governo. Tenho certeza que poucas vezes tivemos a chance que temos hoje, de ter uma mulher com a qualidade da Nísia para cuidar do povo", disse Lula durante discurso na Conferência Nacional da Saúde, em Brasília, acrescentando que telefonou recentemente para a ministra para tranquilizá-la sobre a permanência no cargo.
Outra pasta na mira do centrão é a do Turismo, atualmente ocupada pela ministra Daniela Carneiro. O comando do ministério tem sido requisitado pelo União Brasil, após Daniela sinalizar a intenção de desfiliar do partido. Integrantes da legenda entendem a indicação dela como parte da cota pessoal de Lula e, por isso, não representaria a sigla, que defende o deputado Celso Sabino (UB-PA) para o posto.
As negociações ocorrem no momento em que o governo enfrenta desafios na Câmara dos Deputados, onde tramitam três propostas prioritárias: a reforma tributária, projeto que retoma o voto de minerva no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) e o novo marco fiscal.
A ideia é que as três medidas possam ser votadas ainda nesta semana, antes do dia 17 de julho, quando tem início o recesso parlamentar. A expectativa esbarra, no entanto, na realidade atual, em que deputados cobram do governo que cumpra os acordos já fechados que incluem a liberação de emendas e a nomeação de indicados.
Na cerimônia desta quarta-feira sobre a saúde, Lula disse ainda que os salários dos brasileiros precisam subir. Somente a queda nos preços dos alimentos e dos combustíveis não basta para melhorar a qualidade de vida da população, avaliou o presidente.
Lula também voltou a criticar seu antecessor, o ex-presidente Jair Bolsonaro, e disse que é necessário derrotar o "fascismo que está solto nas ruas desse país".
(Por Fernando Cardoso, em São Paulo, e Maria Carolina Marcello, em Brasília)