(Reuters) - Em meio aos ataques que tem sofrido sobre escândalos de corrupção, suas condenações e prisão, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou comício no Rio de Janeiro neste domingo para reafirmar sua inocência e ainda atacar seu principal adversário na disputa pelo Palácio do Planto, o presidente Jair Bolsonaro (PL).
"Hoje eu sou o único culpado do mundo. E o crime que eu cometi para ser culpado é que eu virei inocente", disse Lula durante comício na quadra da Portela.
"Eu fui preso para provar a minha inocência", acrescentou.
As condenações de Lula no âmbito da operação Lava Jato --nos casos do triplex do Guarujá e do sítio de Atibaia-- foram anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que considerou a 13ª Vara Federal de Curitiba incompetente para julgar as referidas ações. Além disso, as medidas adotadas pelo então juiz Sergio Moro foram considerada nulas uma vez que o Supremo avaliou o juiz como parcial nos casos.
Posteriormente o caso do tríplex prescreveu e a acusação relativa ao sítio foi rejeitada pela Justiça de Brasília.
Ao mesmo tempo que procurou se defender, Lula voltou a atacar Bolsonaro sobre o caso da compra de imóveis com dinheiro vivo. Segundo reportagem do portal UOL, diversos imóveis comprados desde a década de 1990 pelo presidente e familiares foram pagos total ou parcialmente "em moeda corrente nacional", o que, de acordo com o site, é expressão padronizada para representar pagamentos em dinheiro vivo.
"E o cidadão que agora me acusa, ele não explica para ninguém como é que ele comprou 51 imóveis dando 26 milhões de dinheiro vivo", disse Lula.
"Esse cidadão tentar passar para a sociedade a ideia de que é honesto? Tentar passar a ideia que os filhos dele são honestos?", questionou o petista.
Bolsonaro nega irregularidades e diz que se trata de uma covardia e perseguição contra sua família. O presidente, por sua vez, tem usado as acusações de corrupção contra Lula e os governos petistas para tentar reduzir sua desvantagem nas pesquisas eleitorais.
Em desvantagem com o eleitorado evangélico, Lula também atacou pastores que apoiam o presidente, depois de lembrar episódios de Bolsonaro durante a pandemia, como quando imitou pessoas com falta de ar ou afirmou que quem tomasse vacina poderia virar jacaré.
"O pastor que segue ele não pode ser pastor, não acredita em Deus, não pode falar em nome de Deus", disse. Muitas lideranças evangélicas apoiam abertamente o presidente e pedem voto para ele.
BRIZOLA
Depois de receber o apoio de brizolistas históricos durante a semana, Lula também aproveitou o comício para relembrar o fundador do PDT, que hoje tem Ciro Gomes como candidato à Presidência.
"Eu estou vendo o neto do Brizola aqui. Se o Brizola estivesse aqui, o Brizola estava junto conosco aqui pedindo 'fora Bolsonaro', eu tenho certeza disso. Eu tenho certeza absoluta que o Brizola estaria do nosso lado."
Brizola teve uma relação tumultuada com Lula, mas apoiou o petista em várias ocasiões e em 1998 foi seu candidato a vice-presidente.
Enquanto Lula tenta liquidar a eleição no primeiro turno, Ciro Gomes, tem feito seguidos ataques ao petista, especialmente por conta dos escândalos de corrupção.
(Por Alexandre Caverni)