Por Natalia Zinets
KIEV/NOVOAZOVSK, Ucrânia (Reuters) - Os militares ucranianos disseram nesta terça-feira que pretendem retirar os soldados restantes de seu último reduto em Mariupol, enquanto combatentes que resistiram por 82 dias começaram a se render, anunciando o fim da batalha mais sangrenta na Europa em décadas.
A Reuters viu ônibus deixarem a enorme siderúrgica de Azovstal durante a noite e cinco deles chegarem à cidade de Novoazovsk, controlada pela Rússia. Em um deles, marcado com a letra 'Z', que se tornou o símbolo do ataque da Rússia à Ucrânia, homens feridos estavam deitados em macas. Um homem foi levado para fora, com a cabeça enrolada em bandagens grossas.
Um vídeo divulgado pelo Ministério da Defesa da Rússia mostrou combatentes saindo da siderúrgica, alguns sendo carregados em macas, outros com as mãos levantadas para serem revistados pelas tropas russas.
A Rússia disse que 256 combatentes ucranianos "depuseram as armas e se renderam", incluindo 51 gravemente feridos. A Ucrânia afirmou que 264 soldados, incluindo 53 feridos, deixaram a siderúrgica, e esforços estavam em andamento para retirar outros que ainda estão dentro.
"A guarnição 'Mariupol' cumpriu sua missão de combate", disse o Estado-Maior das Forças Armadas da Ucrânia em comunicado.
"O comando militar supremo ordenou aos comandantes das unidades estacionadas em Azovstal que salvassem a vida do pessoal... Os defensores de Mariupol são os heróis do nosso tempo."
A rendição parece marcar o fim da batalha de Mariupol, onde a Ucrânia acredita que dezenas de milhares de pessoas foram mortas durante meses de bombardeio e cerco russos.
A cidade agora está em ruínas. Sua captura completa é a maior vitória da Rússia na guerra, dando a Moscou o controle total da costa do Mar de Azov e um trecho ininterrupto do leste e sul da Ucrânia do tamanho da Grécia.
Mas isso ocorre quando a campanha da Rússia está vacilante em outros lugares, com suas tropas ao redor da cidade de Kharkiv, no nordeste, recuando no ritmo mais rápido desde que foram expulsas do norte e da área ao redor de Kiev no final de março.
Autoridades de ambos os lados deram poucas pistas sobre o destino final dos últimos defensores de Mariupol, com autoridades ucranianas discutindo a possibilidade de alguma forma de troca por prisioneiros russos, mas sem dar detalhes.
"Esperamos poder salvar a vida de nossos homens", disse o presidente ucraniano, Volodymyr Zelenskiy, em um discurso no início da manhã. "Há feridos graves entre eles. Eles estão recebendo cuidados. A Ucrânia precisa de heróis ucranianos vivos."
A vice-ministra da Defesa da Ucrânia, Hanna Malyar, afirmou que 53 soldados feridos na siderúrgica foram levados para um hospital em Novoazovsk, controlada pela Rússia, cerca de 32 km a leste, e outras 211 pessoas foram levadas para a cidade de Olenivka, também em uma área controlada por separatistas apoiados pela Rússia.
Todos os retirados estariam sujeitos a uma possível troca de prisioneiros com a Rússia, acrescentou.
Mariupol é a maior cidade que a Rússia capturou desde a invasão da Ucrânia em 24 de fevereiro, dando a Moscou uma vitória clara pela primeira vez em meses.