BRASÍLIA/RIO DE JANEIRO (Reuters) - Manifestantes voltaram às ruas neste sábado em diversas cidades do país para pedir o impeachment do presidente Jair Bolsonaro e cobrar mais vacinas, em uma terceira onda de protestos que ganhou força após denúncias de irregularidades na compra de imunizantes contra a Covid-19.
Os protestos ocorrem um dia após a ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizar abertura de inquérito para investigar suposto crime de prevaricação de Bolsonaro no caso envolvendo as negociações para a compra da Covaxin, vacina indiana contra Covid-19.
Os atos estavam previstos originalmente para 24 de julho, mas foram antecipados para este sábado, diante de depoimentos à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado denunciando supostos esquemas de corrupção na negociação de vacinas pelo Ministério da Saúde, com o suposto conhecimento de Bolsonaro.
Convocadas em mais de 180 cidades por movimentos sociais, entidades estudantis, partidos políticos, centrais sindicais e até mesmo torcidas organizadas de futebol, as manifestações também têm a intenção de reforçar a pressão para que o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), dê andamento a um processo de impeachment contra Bolsonaro.
Na quarta-feira, parlamentares e partidos de diversos campos políticos --inclusive de direita--, entidades e associações, além de movimentos sociais e sindicais, apresentaram um pedido coletivo de impeachment, reunindo argumentos dos mais de 100 já apresentados à Câmara dos Deputados contra Bolsonaro. O superpedido de impeachment, como vem sendo chamado, também cita depoimentos à CPI da Covid no Senado.
No Rio de Janeiro, o ato contra Bolsonaro reuniu centenas de manifestantes para uma caminhada entre o monumento de Zumbi dos Palmares até a Igreja da Candelária, no centro. Além dos tradicionais gritos e faixa de "Fora Bolsonaro" e "Genocida", houve cobranças mais fortes pelo impeachment e acusação de que o presidente faz um governo corrupto.
"Não era negacionismo, era corrupção", dizia em um cartaz a aposentada de 71 anos Marilda Barroso.
Também houve protestos pela manhã em Florianópolis, Recife e Goiânia, enquanto em outras cidades os atos estão marcados para mais tarde, inclusive em São Paulo.
Os organizadores dos atos deste sábado mantiveram as orientações já passadas aos manifestantes em atos semelhantes realizados em maio e junho: uso de máscaras com boa capacidade de proteção, distanciamento físico e utilização de álcool em gel, devido ao risco de contaminação por coronavírus. Também foi feita a recomendação que integrantes dos grupos de risco não comparecessem aos atos.
Os atos anteriores, convocados pelas frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, já pediam a saída do presidente, a concessão pelo governo federal de um auxílio emergencial em um valor maior do que o oferecido atualmente e aceleração no ritmo de vacinação.
(Por Maria Carolina Marcello e Rodrigo Viga Gaier; Reportagem adicional de Sérgio Queiroz, no Rio de Janeiro)