BRASÍLIA (Reuters) - Milhares de manifestantes se reuniram em frente ao Congresso Nacional nesta quarta-feira para protestar contra projetos de lei apoiados pelo presidente Jair Bolsonaro que enfraquecem a proteção ambiental da Amazônia e permitem a mineração em terras indígenas.
O "Ato pela Terra" foi convocado pelo cantor Caetano Veloso e dezenas de outros músicos brasileiros para pedir aos parlamentares que impeçam o que chamaram de "pacote da destruição" da floresta amazônica.
Indígenas, estudantes carregando faixas contra o uso de agrotóxicos na agricultura e crianças vestidas de abelhas se misturavam à multidão sob uma capivara inflável gigante e um pinguim.
Vestida de árvore, a professora universitária Priscila Borges disse que o meio ambiente no Brasil está ameaçado pela expansão da agropecuária e por um governo que atende aos interesses do agronegócio.
"A situação é grave, este governo está destruindo o que resta de nossas florestas", disse ela à Reuters.
A legislação contestada na manifestação inclui um projeto de lei que anistia grileiros que há décadas invadem ilegalmente terras pertencentes ao governo ou tradicionalmente habitadas por comunidades indígenas.
Outros projetos enfraquecem as exigências de licenciamento ambiental e aumentam o número de pesticidas e herbicidas que os agricultores podem usar.
Um quarto projeto de lei, que o governo espera aprovar rapidamente no Congresso, argumentando que a guerra na Ucrânia interrompeu o fornecimento de fertilizantes necessários para as plantações de grãos, permite a mineração e a exploração de petróleo em reservas indígenas protegidas pela Constituição.
Caetano Veloso e outros músicos se reuniram com o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, para pedir ajuda para bloquear os projetos.
"O país vive hoje sua maior encruzilhada ambiental desde a redemocratização. O desmatamento na Amazônia saiu do controle, a violência contra os indígenas e outros povos tradicionais aumentou e as proteções sociais e ambientais construídas nos últimos 40 anos vêm sendo solapadas", afirmou Caetano Veloso.
"Nossa credibilidade internacional está arrasada. O prejuízo é de todos nós."
(Reportagem de Anthony Boadle)