BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Justiça, Anderson Torres, afirmou nesta terça-feira que pediu à Polícia Federal que abra um inquérito para apurar a atuação dos institutos de pesquisas eleitorais, após as grandes divergências entre o resultado do primeiro turno e os levantamentos divulgados, inclusive no caso do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).
"Acabo de encaminhar à PF pedido de abertura de inquérito sobre a atuação dos institutos de pesquisas eleitorais. Esse pedido atende a representação recebida no MJSP, que apontou ´condutas que, em tese, caracterizam a prática de crimes perpetrados´ por alguns institutos", disse Torres em publicação no Twitter.
Na postagem, Torres não divulgou o teor do pedido da representação e quais os fundamentos da determinação dela para a PF abrir o inquérito. Procurada por e-mail, a assessoria do Ministério da Justiça não respondeu de imediato a pedido de comentário.
Na véspera, a Reuters noticiou que aliados de Bolsonaro haviam decidido fazer uma ofensiva contra os institutos de pesquisa no Congresso Nacional e no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) após as divergências entre o resultado da votação e as sondagens eleitorais.
Em sua primeira fala após o resultado, Bolsonaro chamou os institutos de "grandes derrotados das eleições". A diferença entre Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ficou em 5,23 pontos percentuais a favor do petista (48,43% a 43,20% dos votos válidos), bem diferente de pesquisas que apontaram até 16 pontos de distância entre ambos.
Além do inquérito da PF, duas frentes estão em discussão entre os bolsonaristas contra os institutos de pesquisa, podendo ser adotadas ao mesmo tempo: um pedido de abertura de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigá-los e uma investigação sobre o assunto perante o TSE.
(Reportagem de Ricardo Brito)