Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) -O ex-juiz Sergio Moro chega ao União Brasil para participar de um projeto de partido, e a definição sobre a qual cargo ele vai concorrer se dará depois, afirmou nesta quinta-feira o deputado federal pela legenda Junior Bozzella, após reunião de integrantes do partido com Moro.
Segundo Bozzella, o encontro desta quinta serviu para definir a filiação de Moro, que deixa o Podemos, e já teve a ficha abonada pelo presidente do União Brasil, Luciano Bivar. Ele ressaltou que ainda não há definição se Moro disputará à Presidência ou ao cargo de deputado federal por São Paulo.
Moro tem aparecido em pesquisas de intenção de voto para o Palácio do Planalto em terceiro lugar, atrás do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas não decolou desde que ingressou formalmente na vida político-partidária em novembro passado.
Pesquisa Datafolha realizada neste mês mostrou Moro com 8% das intenções de voto, contra 43% de Lula e 26% de Bolsonaro.
"Uma pessoa que tem 10% nas pesquisas ela contribui para qualquer debate no país", disse Bozzella. "Moro vem para um projeto de partido e obviamente o partido vai definir qual é o melhor projeto de país".
Segundo o deputado, que é muito próximo de Moro, não haverá nenhuma dificuldade ou resistência por parte do ex-juiz.
"Ele é um filiado como outro qualquer e ele foi muito humilde, se colocar como um soldado da União Brasil", disse. "Aquilo que o partido definir ele irá cumprir", ressaltou.
Sem condicionantes
Bozzella disse que Moro se colocou à disposição do partido e não fez "condicionante nenhuma" sobre a intenção dele de concorrer ao Palácio do Planalto.
Mais cedo, o deputado federal Alexandre Leite, também do União Brasil, havia dito à Reuters que Moro não vai mais concorrer ao Palácio do Planalto, mas sim a deputado federal.
"Estamos esperando ele aqui para se filiar. É um ótimo quadro para o partido", afirmou.
Questionado sobre a candidatura de Moro à Presidência, Leite respondeu: "Não, só candidato a deputado federal".
Procurada pela Reuters, a assessoria de imprensa de Moro não respondeu de imediato a pedido de comentário sobre as declarações de Leite.
Bozzella afirmou que o presidente do União Brasil, Luciano Bivar, tem feito um esforço hercúleo para se buscar a unidade em torno de uma candidatura. Bivar tem defendido um acordo de partidos como o PSDB e o MDB em torno de uma única candidatura de forma a fazer frente ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do presidente Jair Bolsonaro.
"Esse nome deve ser debatido nos próximos meses, acho que vai ser bom", disse o parlamentar. "A luta, estamos perseguindo, não é a terceira, quarta, quinta via, é uma única via para vencer a eleição", destacou.
A eventual candidatura de Moro a deputado federal seria uma reviravolta para as pretensões políticas do ex-magistrado, que ficou internacionalmente conhecido pelo trabalho à frente da Lava Jato em Curitiba.
O ex-juiz se filiou ao Podemos em novembro do ano passado, ocasião em que se lançou pré-candidato ao Planalto. Mas desde então, apesar de aparecer como o terceiro colocado nas pesquisas sobre a corrida presidencial, não deslanchou nas intenções de voto.
A troca do Podemos para o União Brasil --partido que nasceu da fusão do PSL com o DEM-- poderia lhe dar uma maior estrutura de campanha, caso ainda queira concorrer ao Planalto.
Uma fonte do União Brasil com conhecimento do assunto, que pediu para não ser identificada, destacou que não há uma decisão nesse sentido tomada nem qualquer imposição da cúpula do União Brasil para Moro abrir mão da disputa ao Planalto.
O movimento de Moro, que foi ministro da Justiça e Segurança Pública do governo Bolsonaro, ocorre no momento em que outro pré-candidato, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), também poderia desistir da corrida ao Planalto, segundo informações divulgadas nesta quinta na mídia.
(Edição de Alexandre Caverni e Pedro Fonseca)