BRASÍLIA (Reuters) - O récem-empossado procurador-geral da República, Paulo Gonet, disse nesta segunda-feira que o Ministério Público Federal (MPF) não buscará "palco" ou "holofotes" sob seu comando, afirmando também que a organização não recebeu a competência para determinar políticas públicas.
"No nosso agir técnico, não buscamos palco nem holofotes, mas com destemor, havemos de ser fiéis e completos ao que nos delega o constituinte e nos outorga o legislador democrático", disse Gonet.
"Sabemos que não nos foi dado formular políticas públicas, nem deliberar sobre a conformação social e política das relações entre os cidadãos", acrescentou.
Durante discurso de posse na PGR, Gonet defendeu como função do MPF a obrigação indeclinável de combate à corrupção e às organizações criminosas e a manutenção da democracia pelo estímulo e resguardo dos valores republicanos.
"Daí o nosso dever indeclinável de combater à corrupção, às organizações criminosas e aos atos que perturbam a indispensável segurança na vida das relações", afirmou.
Gonet foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para assumir a PGR no final do mês passado, dois meses depois do fim do mandato de Augusto Aras, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Aprovado pelo Senado na semana passada, o novo PGR exercerá a função pelo período de dois anos.
Em discurso na cerimônia de posse, Lula traçou o que espera da atuação do novo PGR, argumentando que o chefe do MPF não pode se submeter a nenhuma autoridade, mas também não a manchetes de jornal ou televisão.
Ele afirmou que denúncias publicadas na imprensa não podem falar mais alto do que os autos do processo e pediu que o MPF jogue o "jogo da verdade".
"O Ministério Público é de tamanha relevância que um procurador não pode se submeter a um presidente da República, a um presidente da Câmara, ao presidente do Senado, mas também não pode se submeter a manchete de nenhum jornal ou canal de televisão", disse Lula.
(Por Lisandra Praguassu, em Brasília, e Fernando Cardoso, em São Paulo)