Por Philip Pullella
MARSEILLES, FRANÇA (Reuters) - O papa Francisco condenou no sábado os "nacionalismos beligerantes" e pediu uma resposta pan-europeia à migração para impedir que o Mediterrâneo, onde milhares de pessoas se afogaram, torne-se "o cemitério da dignidade".
Francisco se manifestou a favor da acolhida aos migrantes, em um longo discurso que encerrou uma conferência da Igreja sobre questões do Mediterrâneo em Marselha, um porto francês que há séculos é um cruzamento de culturas e religiões.
"Há um grito de dor que ressoa acima de tudo, e está transformando o Mediterrâneo, o 'mare nostrum', do berço da civilização, no 'mare mortuum', o cemitério da dignidade: é o grito sufocado dos irmãos e irmãs migrantes", disse ele, usando termos latinos que significam "nosso mar" e "mar da morte".
Francisco foi recebido no porto ventoso onde o centro de conferências está localizado pelo presidente Emmanuel Macron, com quem ele deveria ter uma reunião privada no final do sábado antes de retornar a Roma.
O papa começou o dia visitando um centro para os necessitados no distrito de Saint Mauront, em Marselha, um dos mais pobres da França, administrado pela ordem de freiras fundada por Santa Madre Teresa.
Mais tarde, na conferência, ele pediu "um grande número de entradas legais e regulares" de migrantes, com ênfase na aceitação daqueles que fogem da guerra, da fome e da pobreza, e não na "preservação do próprio bem-estar".
De acordo com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR), cerca de 178.500 migrantes chegaram à Europa pelo Mediterrâneo este ano, enquanto cerca de 2.500 morreram ou desapareceram.
Os governos de vários países europeus, incluindo Itália, Hungria e Polônia, são liderados por opositores declarados da imigração.
Francisco pediu às pessoas que "ouçam os gritos de dor" que vêm do norte da África e do Oriente Médio.