Por Maria Carolina Marcello e Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), afirmou nesta quinta-feira que não há possibilidade de adiar a votação da reforma tributária prevista para esta noite, defendeu que a proposta não seja politizada e seja tratada como uma questão "técnica".
Segundo o presidente da Casa, a ideia é votar tanto o primeiro quanto o segundo turno da Proposta de Emenda à Constituição (PEC), desde que, obviamente, haja quórum para a deliberação.
"Não há possibilidade de adiar a votação. Nós entendemos que esse tema está seguro, esse tema já está bastante discutido. Não há nenhuma plausibilidade no pedido de adiamento porque quem está aventando essa possibilidade eu não creio que irá votar a favor do tema nem agora, nem em agosto", disse Lira a jornalistas.
Segundo uma fonte ligada a Lira, Bolsonaro telefonou ainda pela manhã ao presidente da Câmara pedindo o adiamento da votação da reforma para o próximo mês. Lira, entretanto, disse-lhe que não poderia atender e fez um pedido para que o ex-presidente não insistisse com a ideia de o PL fechar questão contra a proposta.
Bolsonaro participou nesta quinta de uma reunião com a bancada de 99 deputados do PL.
Lira disse não ter sido formalmente informado sobre a posição do PL. Afirmou, no entanto, ter ouvido extraoficialmente que o partido vai orientar o voto de seus correligionários contra a reforma, mas não fechará questão, instrumento que permitiria à sigla punir parlamentares que não seguissem a posição partidária.
"A coisa mais correta neste momento é não politizar um tema tão importante quanto este", defendeu Lira a jornalistas.
"Já vai dar muito trabalho a gente discutir as questões técnicas."
Segundo o deputado, a parte do texto que trata do Conselho Federativo, entidade que será composta por Estados, Distrito Federal e municípios, aguarda apenas a "crítica" por parte de alguns governadores para ser finalizada. Esse foi um dos pontos de maior atrito nas negociações da reforma.
Por se tratar de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), a matéria precisa alcançar ao menos 308 votos favoráveis, em dois turnos de votação, para ser aprovada. Depois, ainda precisa passar pelo Senado.
(Reportagem de Maria Carolina Marcello e Ricardo Brito)