JOHANESBURGO (Reuters) - Acompanhada por sintetizadores aveludados e batidas eletrônicas desaceleradas, o novo álbum da cantora sul-africana Msaki revisita o massacre de dezenas de mineiros pela polícia em 2012, que, segundo ela, a inspirou a protestar contra injustiças sociais.
Cantando em seu idioma materno, o xhosa, a voz suave de Msaki busca expressar a tristeza e a decepção sentidas por muitos após o confronto entre policiais e grevistas na mina de platina de Marikana, 110 quilômetros a noroeste de Johanesburgo.
Foram mortas 44 pessoas na mais violenta repressão policial desde o fim do regime supremacista branco do país.
O álbum "Platinumb Heart Beating" foi lançado no final do ano passado. O título é um trocadilho que faz referência ao cinturão de platina da África do sul, mas também ao "estado emocional de entorpecimento/dormência" que muitos sentiram após testemunharem o episódio de brutalidade policial, disse a artista.
"A primeira canção que escrevi foi ´Blood, Guns and Revolutions´, sobre Marikana e o cinturão da platina", disse a cantora em entrevista à Reuters TV. "Parecia apropriado. Esse foi o momento que me levou a fazer um álbum de protesto".
Entre os mortos no que ficou conhecido como o "Massacre de Marikana" estavam 34 mineiros que foram baleados e mortos na mina de Lonmin. Para muitos, o episódio frustrou as esperanças de que a violenta repressão do Estado a protestos tivesse ficado no passado com o regime do apartheid.
O massacre completa 10 anos em agosto deste ano.
(Reportagem de Taurai Maduna)