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Moraes arquiva pedido da PGR para trancar investigação contra empresários bolsonaristas

Publicado 09.09.2022, 16:52
Atualizado 09.09.2022, 19:15
© Reuters. Empresário Luciano Hang, um dos alvos de operação da PF, discurso ao lado de Bolsonaro no 7 de Setembro
07/09/2022
REUTERS/Ueslei Marcelino

BRASÍLIA (Reuters) -O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes decidiu arquivar sem análise do mérito o pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para tentar trancar o caso que levou à operação da Polícia Federal contra empresários bolsonaristas.

Em uma decisão técnica, Moraes considerou que o pedido da vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, foi apresentado fora do prazo legal. Ela apresentou o pedido nesta sexta-feira, 18 dias após ter sido intimada da decisão, quando o prazo para recorrer era de cinco dias.

"Assim, diante de sua manifesta intempestividade, não conheço do agravo regimental", informou o magistrado.

Lindôra havia considerado que a operação tinha sido ilegal. Os empresários foram alvos de busca e apreensão realizada pela PF após vir a público, em reportagem do site Metrópoles, que eles faziam parte de um grupo de WhatsApp em que se defendia um golpe de Estado em caso de vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição de outubro.

Em uma longa manifestação de 102 páginas enviada ao STF, a vice-procuradora-geral da República, Lindôra Araújo, listava uma série de determinações que ela considerava ilegais no caso para pedir a sua anulação.

Entre elas, ela citava que a ação da PF teve como base "exclusivamente" uma reportagem da imprensa, que a ordem de Moraes violava o sistema acusatório (o MP não supervisionou o inquérito) e que os alvos não tinham foro privilegiado perante o Supremo.

"A manifestação de ideias e pensamentos em um grupo privado de WhatsApp... ainda que veicule algumas posições políticas e sociais dissonantes da Constituição da República, desacompanhada de elementos mínimos concretos (não de meras conjecturas e suposições) de arregimentação de pessoas e organização de um golpe de Estado, não pode ser inserida e reputada abstratamente como proveniente de organização criminosa que atenta contra a existência dos Poderes constituídos", dizia Lindôra.

Sem sucesso, a vice-procuradora tinha que Moraes reconsiderasse a decisão que autorizou a operação contra os empresários --que envolveu também quebras de sigilo bancário e telemático-- e, em caso de negativa, que levasse o recurso para análise do plenário do Supremo.

© Reuters. Empresário Luciano Hang, um dos alvos de operação da PF, discurso ao lado de Bolsonaro no 7 de Setembro
07/09/2022
REUTERS/Ueslei Marcelino

Como o ministro nem sequer analisou o mérito das alegações por ter considerado a apresentação do recurso fora de prazo, nenhuma dessas providências sugeridas pela vice-procuradora será adotada.

A operação ordenada por Moraes --ocorrida às vésperas do 7 de Setembro-- foi alvo de duras críticas do presidente Jair Bolsonaro, que é candidato à reeleição, e de aliados. Bolsonaro chegou a levar o empresário Luciano Hang, um dos alvos da ação, para atos oficiais e de campanha no feriado da Independência do Brasil.

(Reportagem de Ricardo BritoEdição de Pedro Fonseca)

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