BRASÍLIA (Reuters) -A Polícia Federal abriu inquérito para apurar a suposta atuação de pastores junto ao Ministério da Educação para a liberação de recursos a prefeitos, disse nesta sexta-feira uma fonte da PF.
A atuação suspeita, que envolveria a cobrança de propina, já era objeto de investigação por parte da Controladoria-Geral da União (CGU), a pedido do ministro da Educação, Milton Ribeiro.
Segundo uma fonte da Polícia Federal, o pedido de abertura deste inquérito foi encaminhado pela CGU e não há implicação de suspeitos com foro privilegiado, o que significa que o ministro não está entre os investigados dessa apuração.
Mais tarde, porém, a Polícia Federal também abriu inquérito para apurar a atuação do ministro da Educação neste caso, a pedido da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Cármen Lúcia, de acordo com reportagens.
Procurada, a PF não confirmou a abertura dos inquéritos.
No início da semana, o jornal Folha de S.Paulo divulgou áudio em que o ministro afirma priorizar, após atender localidades com necessidade, prefeituras cujos pedidos de liberação de verba sejam negociados por dois pastores, prática que ocorreria a pedido do presidente Jair Bolsonaro.
Outras reportagens subsequentes sobre o assunto citam denúncias de cobrança de propina por parte de intermediários religiosos, sendo que em uma delas um prefeito relatou que um dos pastores teria pedido "1 quilo de ouro" como pagamento por demanda atendida.
Na quinta-feira, em sua transmissão semanal ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro repetiu seu discurso de que não há corrupção no governo e citou que o caso havia sido remetido à PF. Afirmou ainda que é de seu interesse --e do ministro-- que os fatos sejam esclarecidos.
O presidente disse ainda que fazem uma "covardia" contra o ministro e reclamou, sem citar nomes ou detalhes, de pressão que estaria sendo feita para que ele seja retirado do comando da pasta. Bolsonaro acrescentou que bota "a cara no fogo" por Ribeiro".
O ministro da Educação nega ter cometido qualquer irregularidade e disse que ele próprio, após ouvir um comentário e receber uma denúncia anônima, pediu à CGU que investigasse as mediações suspeitas.
(Reportagem de Maria Carolina MarcelloEdição de Pedro Fonseca)