Por Jessie Pang e Ben Blanchard
HONG KONG/TAIPÉ (Reuters) - A polícia de Hong Kong deteve dezenas de pessoas, inclusive quatro por intenção "sediciosa", neste domingo, ao reforçar a segurança para o 34º aniversário da repressão de 1989 na Praça da Paz Celestial.
As restrições em Hong Kong abafaram o que antes eram as maiores vigílias que marcavam o aniversário da sangrenta repressão das tropas chinesas aos manifestantes pró-democracia, deixando cidades como Taipé, Londres, Nova York e Berlim para manter viva a memória de 4 de junho.
Próximo ao Victoria Park, local onde ocorriam anualmente as vigílias, centenas de policiais conduziram operações de revista, além de mobilizar veículos blindados e vans da polícia.
Testemunhas da Reuters viram mais de uma dúzia de pessoas serem levadas, incluindo a ativista Alexandra Wong, de 67 anos, que carregava um buquê de flores, um homem que segurava uma cópia de "35 de maio", uma peça sobre a repressão de Tiananmen, além de um idoso que segurava uma vela sozinho nem uma esquina.
"O regime quer que você esqueça, mas você não pode esquecer... Ela (a China) quer encobrir toda a história", disse Chris To, 51, que visitou o parque vestindo uma camiseta preta e foi revistado pela polícia.
"Precisamos usar nossos corpos e o boca a boca para contar aos outros o que aconteceu."
Ativistas de Hong Kong dizem que a ação policial faz parte de uma campanha mais ampla da China para esmagar a dissidência na cidade, à qual foi prometida liberdade contínua por 50 anos sob o modelo "um país, dois sistemas", após a devolução do Reino Unido em 1997.
A segurança está significativamente mais rígida em Hong Kong este ano, com até 6.000 policiais mobilizados, incluindo agentes de choque e antiterrorismo, de acordo com a mídia local.
Autoridades de alto escalão alertaram as pessoas para cumprirem a lei, mas se recusaram a esclarecer se tais atividades comemorativas são ilegais de acordo com uma lei de segurança nacional que a China impôs a Hong Kong em 2020, após protestos, às vezes violentos, pró-democracia.
Em um comunicado, a polícia disse que alguns foram presos por intenção sediciosa e por "violar a paz pública".
Em Pequim, a Praça da Paz Celestial estava lotada de turistas tirando fotos sob o olhar atento da polícia e de outros funcionários, mas sem nenhum sinal óbvio de segurança reforçada.
Um grupo denominado “Mães da Praça da Paz Celestial” afirmou que a angústia nunca acabava.
"Embora 34 anos tenham se passado, para nós, familiares dos mortos, a dor de perder nossos entes queridos naquela noite nos atormenta até hoje", disse o grupo em comunicado divulgado pela organização Human Rights na China, e cuja sede fica em Nova York.
((Tradução Redação Rio de Janeiro))
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