Por Alexandra Valencia
QUITO (Reuters) - Homens armados e encapuzados invadiram uma emissora de TV em Guayaquil durante uma transmissão ao vivo enquanto tiros e gritos eram ouvidos, em um dia violento no Equador que incluiu o sequestro de vários policiais e no qual o presidente Daniel Noboa declarou estado de "conflito armado interno" no país.
Alguns dos invasores, usando balaclavas e vestidos de preto, fizeram gestos para a câmera da emissora empunhando armas grandes, e alguém foi ouvido gritando "sem polícia", antes de a transmissão ser interrompida.
Mais tarde, alguns dos homens encapuzados foram vistos saindo do estúdio com alguns funcionários, enquanto outro canal mostrava imagens da polícia do lado de fora da sede da emissora TC.
A Polícia Nacional disse em publicação nas redes sociais que suas unidades especializadas intervieram e começaram a retirar a equipe da emissora de televisão atacada. A polícia disse que foram feitas 13 detenções e publicou nas redes sociais fotos de jovens deitados no chão com as mãos amarradas atrás das costas.
A TC, que tem alcance nacional, compartilha o prédio com outra emissora pública, a Gamavision, e várias estações de rádio.
Os agressores entraram pela recepção da Gamavision, agredindo funcionários e deixando dinamite no caminho, disse à Reuters o coordenador de notícias e repórter da TC, Leonardo Flores Moreno, em mensagem.
“Estávamos numa reunião e eles nos alertaram e conseguimos nos esconder”, disse Flores, que não estava no palco durante a invasão. Ele disse que duas pessoas da TC ficaram feridas.
“Não sabemos o que está acontecendo, as pessoas estão nervosas, há muitos colegas da Gama e da TC que estão escondidas”, disse Flores, acrescentando que podia ouvir helicópteros no alto.
O incidente ocorreu após o sequestro de pelo menos sete policiais e uma série de explosões, um dia depois de Noboa declarar estado de emergência.
Noboa, um ex-parlamentar e filho de um dos homens mais ricos do país, assumiu o cargo em novembro com a promessa de consertar a economia e conter uma onda de violência nas ruas e nas prisões que vem crescendo nos últimos anos.
Em um decreto emitido na tarde desta terça, Noboa disse que reconhecia a existência de um "conflito armado interno" no Equador e identificou várias gangues criminosas como "organizações terroristas". O decreto também ordenou que as Forças Armadas "neutralizassem" os grupos.
O presidente havia declarado estado de emergência por 60 dias na segunda-feira -- uma ferramenta usada por seu antecessor com pouco sucesso -- permitindo patrulhas militares, inclusive em prisões, e estabelecendo um toque de recolher noturno em todo o país.
A medida foi uma resposta ao desaparecimento de Adolfo Macías, líder da gangue criminosa Los Choneros, da prisão onde cumpria pena de 34 anos, e a incidentes de segurança em várias prisões, incluindo a captura de agentes penitenciários pelos presos.
SEQUESTROS
Três policiais que trabalhavam no turno da noite foram sequestrados de sua delegacia de polícia na cidade de Machala, no sul do país, informou a polícia nesta terça, enquanto um quarto policial foi sequestrado por três criminosos em Quito.
Três outros policiais foram sequestrados na província de Los Rios depois que um carro de patrulha foi atingido pela detonação de um dispositivo explosivo.
"Nenhum desses eventos ficará impune", disse a polícia, que não informou se os sequestradores apresentaram demandas.
A polícia disse que houve novas explosões nas províncias de Esmeraldas e Los Rios, enquanto o gabinete do prefeito da cidade de Cuenca confirmou outra explosão e o gabinete do procurador-geral disse que estava investigando uma detonação em Guayaquil. A mídia local também relatou explosões em Loja e Machala.
As autoridades não informaram a causa de nenhuma das explosões e ninguém reivindicou a responsabilidade.
A agência penitenciária SNAI disse que um grupo de prisioneiros escapou, incluindo Fabricio Colón Pico, líder de um grupo criminoso que supostamente estava envolvido em um plano para atacar o procurador-geral. Doze fugitivos foram recapturados, informou a SNAI, sem dar mais detalhes.
(Reportagem adicional de Karen Toro e Tito Correa, em Quito)