Por Maria Carolina Marcello
BRASÍLIA (Reuters) - O líder da Oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), disse nesta sexta-feira já contar com o mínimo de 27 assinaturas exigidas para a instalação de uma CPI sobre denúncias de corrupção no Ministério da Educação e adiantou que trabalhará, nos próximos dias, para ampliar essa margem e evitar que senadores retirem seus nomes do pedido de criação da Comissão Parlamentar de Inquérito.
O MEC é alvo de suspeitas que envolvem desde supostas cobrança de propina por parte de pastores --que teriam trânsito na pasta a pedido do presidente Jair Bolsonaro-- para a liberação de recursos, a destinação irregular de verbas e superfaturamento em compra de ônibus.
"Alcançamos no Senado a vigésima sétima assinatura, número constitucional exigido para instalarmos a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos escândalos no âmbito do Ministério da Educação", anunciou o senador em vídeo divulgado no seu perfil do Twitter.
"Agora, durante o final de semana, e o início da próxima continuaremos vigilantes. Um, para que não ocorra retirada de assinaturas. Dois, para ampliarmos o número de assinaturas", continuou.
Randolfe afirmou que o governo encampa uma operação para evitar a instalação da CPI e demover senadores de apoiarem tal criação justamente em um ano eleitoral. Uma CPI tem pouco poder de punir eventuais envolvidos, mas pode causar estragos à imagem e ao capital político.
"Já sentimos aqui o desespero emanado do Palácio do Planalto --sobretudo da Casa Civil-- para, em uma operação desesperada, retirar assinaturas, e em uma outra, fazer cortina de fumaça para os fatos reais", disse Randolfe.
"Tem que ter CPI para esclarecer este esquema escabroso de corrupção", completou o senador, também autor de pedido de criação de uma outra CPI, no último ano, que investigou a gestão do governo federal na área da saúde durante o auge da pandemia de Covid-19 no país.
Procurados, o Palácio do Planalto e a Casa Civil não responderam de imediato a pedido de comentário.
Um dos casos de retirada de assinatura é o da senadora Rose de Freitas (MDB-ES), que teria acusado uso fraudulento de sua assinatura e pediu a retirada de seu nome.
Parte das suspeitas de irregularidades no MEC já são objeto de inquéritos da Polícia Federal. Um deles envolve, inclusive, o agora ex-ministro da pasta Milton Ribeiro.