(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta sábado, após participar da cerimônia de coroação do rei Charles, do Reino Unido, que recebeu um pedido diretamente do monarca pela preservação da Amazônia e que respondeu que o Brasil precisa de ajuda financeira para financiar ações de proteção da floresta.
Charles fez do combate às mudanças climáticas uma de suas principais agendas antes de se tornar rei e já visitou duas vezes a Amazônia brasileira, em 1978 e em 2009. Na véspera da coroação, o premiê britânico, Rishi Sunak, anunciou que o Reino Unido vai passar a contribuir com o Fundo Amazônia estabelecido pelo governo brasileiro para ações ambientais.
"A primeira coisa que o rei disse para mim foi para cuidar da Amazônia, e eu falei: 'eu preciso de ajuda'. Não é só a nossa vontade, é preciso de ajuda e muitos recursos", disse Lula em entrevista coletiva em Londres após a coroação.
O presidente lembrou que o Brasil quer realizar a cúpula do clima da ONU de 2025 na Amazônia, e reiterou as cobranças feitas pelos países em desenvolvimento para que as nações ricas financiem ações climáticas ao redor do mundo.
"O problema é que todos os países ricos desde a COP-15 prometem dinheiro, prometem fundos, mas a verdade é que esse fundo de 100 bilhões de dólares nunca aparece", afirmou. "Nós precisamos ter em conta ao preservarmos a floresta, que é nossa responsabilidade..., que só do lado brasileiro moram 25 milhões de pessoas. Precisamos ao discutir a preservação discutir como fazer essa gente sobreviver dignamente."
UCRÂNIA
Lula afirmou que também aproveitou a viagem a Londres para conversar com líderes estrangeiros sobre o conflito na Ucrânia, inclusive com o presidente da França, Emmanuel Macron. Lula tem defendido a formação de um grupo de países para intermediar negociações de paz, e aproveitou viagem recente a Portugal e Espanha para levantar a proposta.
O presidente foi duramente criticado por Estados Unidos e União Europeia no mês passado por declarações consideradas como benevolentes com a Rússia, e depois mudou o tom das falas para passar a condendar inequivocamente a invasão territorial.
Lula disse que seu assessor especial de política externa Celso Amorim, que já esteve na Rússia, irá viajar agora para a Ucrânia.
Questionado sobre a derrota sofrida pelo governo no Congresso com a aprovação, pela Câmara, de um projeto de decreto legislativo para congelar as mudanças promovidas por seu governo no marco legal de saneamento, Lula negou a possibilidade de mudar a articulação política, mas cobrou que promessas feitas aos deputados sejam cumpridas.
"O (Alexandre) Padilha é que o país tem de melhor na articulação política. O fato de você muitas vezes acertar ou muitas vezes errar, nós temos que pensar o que que aconteceu", disse Lula, referindo-se ao ministro da Secretaria de Relações Institucionais.
"Você sabe que eu tenho conversado com o presidente (Arthur) Lira, eu não vejo problema, se houver desavença, na política tudo pode se acertar... São 513 deputados e um só coordenador político, às vezes pode haver algum desacordo que nós vamos acertar", acrescentou.
O presidente acrescentou confiar que o Senado vai reverter a decisão da Câmara e manter o decreto presidencial sobre o saneamento.
Na mesma conversa com os jornalistas, Lula voltou a criticar a taxa básica de juros e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto.
O presidente também indicou que pretende apresentar novos questionamentos sobre a privatização da Eletrobras (BVMF:ELET3), após a Advocacia-Geral da União (AGU) ter entrado na véspera com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para elevar o poder da União na companhia elétrica.
(Por Pedro Fonseca, no Rio de Janeiro; Reportagem adicional de Letícia Fucuchima)