Por Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - Em seu voto nesta terça-feira, o ministro do Tribunal Superior Eleitoral Benedito Gonçalves, relator do processo que pode tornar Jair Bolsonaro inelegível, rechaçou a tentativa de se criar uma "falsa simetria" feita pela defesa do ex-presidente entre a reunião feita pelo então chefe do Executivo federal em julho de 2022 com embaixadores com um encontro do então presidente do TSE, Edson Fachin, com representantes diplomáticos em maio daquele ano.
O relator pontuou que o encontro de Fachin teve por objetivo apresentar informações técnicas sobre o processo eleitoral brasileiro e ressaltou que o TSE é uma instituição constitucional de cúpula do sistema eleitoral, inclusive com atuação internacional.
"A reunião do TSE com embaixadores não perpetrou qualquer tipo de violação", disse.
O então chanceler, Carlos França, disse em depoimento na ação que a decisão de realizar o encontro de Bolsonaro em julho no Palácio da Alvorada foi exclusivamente do então presidente da República. França chegou a falar que a chancelaria nem sequer participou da confecção do material apresentado aos embaixadores.
Benedito disse ainda que o ex-ministro da Casa Civil Ciro Nogueira afirmou, também em depoimento durante a instrução do processo, que não foi consultado sobre a conveniência de realizar o encontro com embaixadores na Alvorada. Ressaltou que, se fosse, teria se manifestado contrariamente.