Por Sarah Wu e Yimou Lee
TAIPÉ (Reuters) - O ministro das Relações Exteriores de Taiwan disse nesta terça-feira que a China está usando os exercícios militares que lançou em protesto contra a visita da presidente da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, como um plano de ação para se preparar para uma invasão da ilha autogovernada.
Joseph Wu, que não ofereceu nenhum cronograma para uma possível invasão de Taiwan, que é reivindicada pela China como parte de seu território, disse que Taiwan não seria intimidada, mesmo que os exercícios continuem com a China muitas vezes rompendo a linha mediana não oficial no Estreito de Taiwan.
"A China tem usado os exercícios de seu manual militar para se preparar para invasão de Taiwan", afirmou Wu em entrevista coletiva em Taipé.
"Está realizando exercícios militares em larga escala e lançamentos de mísseis, bem como ataques cibernéticos, desinformação e coerção econômica, na tentativa de enfraquecer o moral público em Taiwan."
"Após a conclusão dos exercícios, a China pode tentar rotinizar sua ação na tentativa de destruir o status quo de longo prazo no Estreito de Taiwan", completou.
Essas medidas ameaçaram a segurança regional e forneceram "uma imagem clara das ambições geoestratégicas da China além de Taiwan", disse Wu, pedindo maior apoio internacional para impedir que a China controle efetivamente o estreito.
O escritório chinês de assuntos de Taiwan respondeu aos comentários de Wu dizendo que ele era um defensor "obstinado" da independência de Taiwan, e seus comentários "distorcem a verdade e obscurecem os fatos".
Uma autoridade do Pentágono afirmou na segunda-feira que Washington mantinha sua avaliação de que a China não tentaria invadir Taiwan nos próximos dois anos.
Wu falou enquanto as tensões militares fervilham após o término programado no domingo de quatro dias dos maiores exercícios chineses em torno da ilha --exercícios que incluíram lançamentos de mísseis balísticos e ataques simulados no mar e no ar ao redor de Taiwan.
O Comando do Teatro Oriental da China afirmou na segunda-feira que realizará novos exercícios conjuntos com foco em operações antissubmarino e ataque marítimo --confirmando os temores de alguns analistas de segurança e diplomatas de que Pequim manterá a pressão sobre as defesas de Taiwan.
Nesta terça-feira, o comando disse que continuou realizando exercícios militares nos mares e no espaço aéreo em torno de Taiwan, com navios de guerra, caças, bem como aeronaves de alerta antecipado, reabastecimento e interferência "sob um ambiente eletromagnético complexo para refinar as capacidades conjuntas de contenção e controle".
Uma pessoa familiarizada com o planejamento de segurança nas áreas ao redor de Taiwan disse que há um "impasse" contínuo em torno da linha média envolvendo cerca de 10 navios de guerra da China e de Taiwan.