LONDRES (Reuters) - A Thomson Reuters se retirou, nesta quarta-feira, de um acordo de apoio aos membros das Forças Armadas britânicas para "preservar a segurança e a neutralidade" dos jornalistas da empresa, após críticas de repórteres e ex-repórteres da Reuters de que o pacto comprometeria a reputação de independência da agência de notícias.
A Thomson Reuters, matriz da Reuters, assinou em 31 de agosto o Acordo das Forças Armadas, no qual se comprometia a ajudar e apoiar aqueles que atualmente servem nas Forças Armadas britânicas, assim como os veteranos e suas famílias.
Depois que a adesão da Thomson Reuters se tornou pública, vários jornalistas atuais e ex-jornalistas da Reuters afirmaram que o compromisso colocava em questionamento a imparcialidade da agência global de notícias, que é obrigada pelos "Trust Principles" a agir sempre com integridade, independência e sem qualquer viés.
Os jornalistas também levantaram a preocupação de que o compromisso poderia colocar em perigo repórteres que trabalham em certos países, uma vez que a agência poderia ser apontada como apoiadora das Forças Armadas britânicas ou de sua política externa.
"Decidimos que devemos retirar nossa assinatura para preservar a segurança e a neutralidade de nossos repórteres", disse um porta-voz da Thomson Reuters em um comunicado enviado por email.
"O acordo não é relacionado a nenhum partido político e a iniciativa foi assinada com as melhores intenções, mas nossa participação levou à preocupação de que tal promessa pública pudesse minar os ´Trust Principles´ da Thomson Reuters e comprometer a independência da redação e a segurança de nossos jornalistas."
O Acordo das Forças Armadas diz que o signatário "apoia os militares da ativa, os que deixam o serviço militar, os veteranos e suas famílias".
O Ministério da Defesa britânico diz que o pacto demonstra a "intenção de uma organização de apoiar a comunidade das Forças Armadas". Um porta-voz do ministério não quis comentar de imediato o recuo por parte da Thomson Reuters.
A Thomson Reuters disse que assinou o acordo como "uma extensão de nosso apoio de longa data" à campanha da papoula, na qual dezenas de milhões de pessoas compram uma papoula vermelha ou uma papoula de metal para lembrar os mortos em guerras e ajudar as famílias de membros das Forças Armadas britânica.
A empresa disse que a decisão de se retirar não afeta seu compromisso de ser uma organização inclusiva que apoia pessoas de todas as origens, inclusive veteranos militares.