BRASÍLIA (Reuters) - O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta segunda-feira que a mudança de ministros indicados pelo União Brasil está na mesa de discussão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e disse que a sigla vem apresentando a vontade de reformular seus três indicados para a Esplanada dos Ministérios.
"Está na pauta... o partido União Brasil vem apresentando um desejo de reformulação da representação dos seus três ministros indicados... está na pauta discutir com o União Brasil essa reformulação", disse Padilha a jornalistas, após reunião de coordenação do governo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
"Governo é igual um rally: de vez em quando durante um rally precisa trocar um motorista, tem que trocar um pneu. O que importa é estar no caminho certo."
Após críticas e pressões de partidos -- principalmente do centrão -- o governo faz ajustes na articulação com o Congresso diante da necessidade de aprovar ainda neste semestre duas matérias prioritárias: o novo marco fiscal e a reforma tributária.
Segundo Padilha, a movimentação do União Brasil, que de acordo com o ministro não apresentou demanda específica sobre a troca de ministros, é "absolutamente natural".
"O presidente Lula inclusive pediu que a gente pudesse conduzir esse debate com o União Brasil, como também com os outros partidos que queiram fazer essa discussão", afirmou.
Com três ministérios na Esplanada -- Turismo, Comunicações e Desenvolvimento Regional -- o União Brasil vem argumentando que a maneira escolhida por Lula para acomodar seus filiados no governo não foi a ideal.
O líder da legenda na Câmara, Elmar Nascimento (BA), explicou que a bancada de deputados ficou sem interlocutor no processo, após ele mesmo ter seu nome cogitado para um posto no primeiro escalão de Lula.
Para o deputado, o processo teria de ter passado pela avaliação da bancada, e por consultas aos órgãos de direção do partido.
Padilha acrescentou que as recentes críticas à articulação do governo foram ouvidas por Lula, que pediu agilidade de seus ministros em atender as demandas de parlamentares.
"O presidente Lula também reforçou que acolhe sempre qualquer crítica, comentário que possa ter no Congresso como parte da democracia. E reforçou a necessidade do governo, dos seus ministros e ministras, a acelerarem, inclusive, a composição do governo", deixando claro que indicados serão submetidos a avaliação técnica.
O líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), negou que haja discussão sobre uma reforma ministerial dentro do governo, mas uma divergência interna em um partido, referindo-se ao União Brasil. Para ele, outras siglas podem manifestar o desejo de debater espaços no governo, mas "temos que ver o momento".
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)