Por Tom Balmforth
KIEV (Reuters) - A Ucrânia "renasceu" quando a Rússia invadiu seis meses atrás, disse o presidente Volodymyr Zelenskiy nesta quarta-feira, ao marcar 31 anos da independência de seu país da União Soviética, controlada por Moscou, com a promessa de expulsar completamente as forças russas.
Após dias de alertas de que Moscou poderia usar o aniversário do Dia da Independência da Ucrânia para lançar mais ataques com mísseis nas principais cidades, a segunda maior cidade, Kharkiv, estava sob toque de recolher depois de meses de bombardeio.
O aniversário caiu exatamente seis meses depois que a Rússia enviou dezenas de milhares de tropas para a Ucrânia.
Em um discurso emocionado a seus compatriotas, Zelenskiy disse que o ataque reavivou o espírito da nação.
"Uma nova nação apareceu no mundo em 24 de fevereiro às 4 da manhã. Não nasceu, mas renasceu. Uma nação que não chorou, gritou ou se apavorou. Que não fugiu. Não desistiu. E não esqueceu", afirmou.
O líder de 44 anos, falando em frente ao monumento central de Kiev à independência em seu uniforme de combate, prometeu recapturar áreas ocupadas do leste da Ucrânia, bem como a península da Crimeia, que a Rússia anexou em 2014.
"Não vamos sentar à mesa de negociações por medo, com uma arma apontada para nossas cabeças. Para nós, o ferro mais terrível não são mísseis, aviões e tanques, mas algemas", disse.
Mais tarde, ele e sua esposa participaram de uma cerimônia na catedral de Santa Sofia em Kiev, juntamente com líderes religiosos de todas as principais religiões da Ucrânia.
A Rússia fez poucos avanços na Ucrânia nos últimos meses, depois que suas tropas foram afastadas de Kiev nas primeiras semanas da guerra. Soldados ucranianos na linha de frente no leste disseram que estavam mais motivados do que seus inimigos.
"Todo o nosso povo está torcendo por nós. O país inteiro está, e outros países que nos ajudam também. Nosso espírito de luta é maior que o deles", declarou um soldado chamado Yevhen à Reuters, recusando-se a dar seu sobrenome.
O ministro da Defesa russo, Sergei Shoigu, disse em uma reunião de ministros da Defesa no Uzbequistão que a Rússia havia deliberadamente desacelerado o que chama de "operação militar especial" na Ucrânia para evitar baixas civis.
Quase 9.000 militares ucranianos foram mortos na guerra, disseram seus militares nesta semana.
A Rússia não divulgou suas perdas, mas a inteligência dos Estados Unidos estima 15.000 mortos no que Moscou descreve como uma operação necessária por ameaças à sua segurança. Kiev diz que a invasão é um ato não provocado de agressão imperial.